Em caso de arrebatamento… outra visão – final

Este post é continuação da parte 3, sobre um breve artigo do Hermes, postado no site Genizah. As partes em azul são citações de seu post original.

Um de meus hinos preferidos: “Quando a angelical trombeta”, também disponível no hinário de Os Gideões Internacionais

Aos vidrados em teorias de conspiração devo informar que vocês estão sendo vítimas da maior de todas elas. Esqueçam “Deixados pra trás”! Olhem para Cristo, o Cavaleiro Fiel e Verdadeiro, que saiu “vencendo e pra vencer”.

Um dos cânticos mais cantados pelos cristãos ao redor do mundo foi composto por alguém que tinha esta esperança. Ele diz:

Já refulge a glória eterna,
De Jesus, o rei dos reis;
Breve os reinos deste mundo,
Seguirão as Suas leis;
Os sinais da sua vinda,
Mais se mostram cada vez;
Vencendo vem Jesus!

Glória, glória, aleluia (3x),
Vencendo vem Jesus!

O clarim que chama as crentes,
A batalha já soou;
Cristo, à frente do seu povo,
Multidões já conquistou;
O inimigo em retirada,
Seu furor patenteou;

Vencendo vem, Jesus!

E por fim entronizado,
As nações há de julgar;
Todos grandes e pequenos,
O juiz hão de encarar;
E os remidos triunfantes,
Em fulgor hão de cantar:
Vencendo vem Jesus!

Sinceramente? Prefiro este hino àquele que estimula os crentes à irresponsabilidade com o futuro da Terra.

Recomendo que os leitores deste blog busquem comparar o sistema dispensacionalista com outros sistemas de interpretação da Escatologia Bíblica. Vocês se surpreenderão.

Teoria de conspiração é oriunda de onde? De homens malignos? Do inferno? Então, por isso, a interpretação dispensacionalista das profecias é diabólica? Agora ficou bem confuso…

Quer dizer que, por eu crer na forma dispensacionalista de interpretação escatológica, não estou olhando para Cristo, Hermes? Sinceramente, não sabia disso… olha, se você não tivesse me dito isso, eu jamais desconfiaria. Bem, então eu estou olhando para quem? Para o anticristo? Só pode!

Veja que não é bem assim, e o comentário que já postei no meu post sobre mensagens subliminares ilustra isso.

O que um ex-satanista, agora dispensacionalista (tá vendo? se o dispensacionalismo fosse do cão, por que um egresso do inferno agora crê assim? risos) disse sobre isso é digno de nota: “muitas pessoas me perguntam: Daniel, e como vamos identificar o anticristo, a sua chegada? Eu respondo: parem de olhar para o anticristo e olhem para o Cristo!”. Ouvi isso em um de seus seminários, por isso a frase pode ter palavras trocadas, mas o sentido foi esse mesmo.

Aqui a palavra dele: “Porem destaco que o mais importante de tudo não é saber sobre o anticristo e sim estarmos prontos para a volta de Jesus, o Cristo! O tempo está próximo!”, retirado da última frase da resposta à pergunta 21.

Eu não concordo com a avaliação do hino “O mercado está vazio” (hino que exalta o arrebatamento) como estimulante à irresponsabilidade com o futuro da Terra. Se o Hermes está vendo só os defeitos, vou advogar as virtudes: o hino fala de esperança, de regozijo, de cumprimento de promessas (no sentido dispensacionalista, ok, mas em cumprimento), de estar com o Senhor, etc. Para mim, ser irresponsável é viver como se Jesus não fosse voltar tão cedo, no sentido de entregar-se aos deleites mundanos, etc.

Bem, para finalizar esse post, que ficou enoooooooooorme, e quase diluiu meus pobres – e poucos – neurônios, vou tecer só mais uns poucos comentários, enquanto o tico & teco não me brindam com um apagão cerebral.

E termos de escolas de interpretação teológica, tanto a preterista como a dispensacionalista se veem diante de situações, aparentemente, inexplicáveis. Elas são, em última análise, uma tentativa de adaptar a ampulheta profética divina ao nosso calendário terrestre e, não raras vezes, certas peças teimam em não se encaixar às nossas visões preconcebidas.

Como ponto de inflexão no debate, quero pontuar que o pior tempo da igreja foi o da Idade Média, também chamado de Idade das Trevas, onde as cruzadas eram beeeeeeeem diferentes daquelas capitaneadas por Billy Graham, e as espadas usadas para a salvação dos infiéis produziam morte, e não vida, como a Espada do Espírito que carregamos hoje. A igreja, como conhecemos e vemos hoje, não existia. O que havia era um putrefato organismo eclesiástico que desonrava a imagem de uma Noiva sem mácula, estando mais para uma noiva-cadáver do que para o templo do Deus vivo.

Retrato tardio da igreja da Idade das Trevas

Naquela época, salvo engano, não havia interpretação dispensacionalista da profecia, pelo contrário, viviam como se Jesus jamais fosse voltar. Quem entregou a terra de então nas mãos desses irresponsáveis?

Outra pergunta pertinente (ou seria impertinente?): se baníssemos a teologia dispensacionalista, como sugerem alguns, a igreja estaria livre de todos os seus males? E o cancro da teologia da prosperidade, feneceria e se extinguiria? Se isso fosse verdade, eu até consideraria rever meus conceitos… em prol de um bem maior.

Mas, a realidade não é tão simples, nem tão romântica, infelizmente ou não.

O que não se pode é fazer como o Hermes fez, embora de boa-fé: arrolar, de um lado, as maiores virtudes da visão preterista em comparação com os maiores defeitos (ou efeitos colaterais) do dispensacionalismo… assim não dá, comparar Madre Tereza de Calcutá com Hitler, forçou a amizade. Comparações quase sempre são ruins, mas se for comparar, não compare trigo com joio, porque eles são diferentes, apesar de parecidos, e, inevitavelmente, um dia, serão separados.

Eu posso afirmar, sem medo, o seguinte:

1. não tenho qualquer problema em conviver, e até admirar crentes preteristas;
2. não tenho interesse em “converter” nenhum crente preterista;
3. não diminuo o valor de alguém, apenas por ser preterista;
4. não culpo os preteristas pelos males do mundo, como o post quis jogar as mazelas da atualidade sobre nossas (dispensacionalistas) costas;
5. não advogo – ainda – o dispensacionalismo porque desconheço, ignoro ou rejeito outras visões doutrinárias, advogo porque vejo nele certa coerência, respaldo bíblico e conformação às Escrituras, além de haver sérios e dedicados homens de Deus subscrevendo essa posição teológica;
6. tenho motivos pessoais para ser dispensacionalista, inclusive alguns relacionados à minha conversão e, quem sabe, em outro post posso falar sobre o porquê de eu ser dispensacionalista (e pentecostal).

Enfim, ser dispensacionalista, como julgam alguns, não é abrir mão da Bíblia, não é abdicar do raciocínio, nem de uma leitura devocional, de uma hermenêutica compromissada e de uma exegese séria, não senhor.

De fato, não nego, aliás corroboro: alguns pontos suscitados pelo Hermes são constrangedores e preocupantes, e ele está certo em apontar os defeitos (ou efeitos negativos) da visão dispensacionalista, abraçada de forma radical por alguns, e isso é bom e necessário para nos corrigirmos. Porém, colocar todos no mesmo balaio, sem diferenciar alhos de bugalhos, e ainda inferir que a causa dos males do mundo somos nós… isso pegou muito mal.

É bem provável que virão comentários descendo a lenha neste incipiente e iniciante blogueiro, mas, podem mandar. Vou suportar, honradamente, até onde aguentar, levar essa cruz, sabedor que o meu Salvador carregou cruz maior e mais pesada que essa que, por sinal, era minha. Então, de bom grado, levarei essa, até trocar, no céu, por uma coroa.

Maranata!