Em caso de arrebatamento… outra visão p.3

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Este post é continuação do post 2, discutindo um post do Hermes, no Genizah.

Volta logo, Jesus! Não tá demorando não?!

As partes citadas, em azul, são do Hermes, ipsis literis. As minhas considerações são colocadas logo após.

Recuso-me a crer que Cristo virá ao encontro de uma igreja acovardada, que não terá concluído a Grande Comissão, tampouco terá sido luz do mundo e sal da terra (Mt.5:14). Recuso-me a crer que o mesmo Jesus que pediu ao Pai para que não nos tirasse do mundo, agora mudou de idéia e vem para nos raptar (Jo.17:15).

Agora o Hermes (nesta sua postagem) deu uma dentro… não estou enxergando nada de reprovável ou corrigível nessa frase, e até eu mesmo gostaria de tê-la dito.

Apesar disso, de o argumento ser lógico, defensável e admirável, até, a Bíblia deve ter a última palavra sobre o assunto, pois, não raras vezes, a “loucura de Deus é mais sábia que a sabedoria humana”.

Porém, a afirmação do Hermes, apesar de admirável em vários sentidos, não é irretocável – assim como as minhas também não são, irretocáveis, que fique bem claro -, pois eu poderia perguntar: Ló foi resgatado (ou raptado?) de Sodoma por que era covarde ou por que era fiel a Deus? São tantas emoções questões…

A febre dispensacionalista alcançou um novo apogeu recentemente com o lançamento da série “Deixados para trás”, de Tim LaHaye e Jerry B. Jenkins (Acho que a série deveria se chamar “Passados para trás”).

Outra bola fora. Apesar de a gracinha ter sido bem bolada, “Passados para trás” vai custar caro ao Hermes, e vou listar, de cabeça, o porquê:

  1. ignora que foi uma obra ficcional que teve seus méritos: foi bem escrita, de forma inteligente, com uma trama envolvente e cativante, enfim, como obra literária, fez por merecer suas dezenas de milhões de exemplares vendidos no mundo;
  2. ignora que, para admitir que fui “passado para trás”, eu sou ou incapaz de enxergar o erro ou deixei-me iludir de forma voluntária. E nenhuma delas é fácil de admitir, além de ninguém gostar de ser “passado para trás”, logo, a frase desperta mais antipatia do que simpatia;
  3. afirma,ainda que indiretamente, que os idealizadores da série, propositadamente, “passaram os leitores para trás”, como se soubessem que estavam propagando ensinos heréticos, deixando de lado se a reputação dos autores é idônea ou não;
  4. ignora que muitos, eu incluso, apesar de não concordarem com todos os conceitos propagados na dita série best-seller, concordam em muitos pontos, por vários motivos, e um ataque gratuito desse mexe com as emoções e, naturalmente, faz com que muitos leitores se tornem, automaticamente, defensores, tanto da série como dos autores.

Poderiam ser listados outros aspectos, mas considero esses os mais relevantes para o propósito do post.

Quando eu li a frase “Passados para trás” pela primeira vez, não pude deixar de admirar a hermenêutica e hermética perspicácia do Hermes (viu que nem só de trocadilhos vivem os blogueiros? =o), mas, depois, me vieram esses senões. Talvez, para outros, eles nem tiveram tempo de admirar a verve literária e graciosa do Hermes, posto que se sentiram imediatamente ofendidos. Não foi o meu caso, mas, como dizia um pastor meu: “crente nem sempre é gente!”. É mesmo, infelizmente…

Pregadores bradam de seus púlpitos: “Somos a última geração! A geração do arrebatamento!” Mas se contradizem quando gastam milhões na construção de catedrais suntuosas. Imagino o que pensam nossos filhos quando afirmamos que somos a geração final. Com isso, nós os privamos de qualquer perspectiva de futuro. Prefiro ficar com o salmista, e declarar: “A posteridade o servirá; falar-se-á do Senhor às gerações futuras” (Sl.22:30-31).

Bem, gostei desse parágrafo… bastante reflexivo. Quanto aos pregadores, assino embaixo. Quanto aos filhos, olhando somente por esse prisma, ele está certo. Mas, existe só essa face do argumento?

E se formos olhar pelo outro lado, de que os filhos, projetando um futuro a longo prazo, com direito a aposentadoria e tudo o mais, poderão se esquecer de Deus, e nem se prepararem para encontrá-lo adequadamente? Talvez esse encontro nem se dê nos ares, mas na virada da esquina, atravessando uma rua, parando em um sinal, sentado no sofá de um apto. próximo a um morro dominado por traficantes…

O grande dilema da vida é que ela não diz quando acaba, e nem como. E é necessário estar preparado para o encontro com o Senhor, seja nos ares, na terra, nos mares, em qualquer lugar.

Em 2006, escrevi minha crítica a esse lado da pregação sensacionalista dispensacionalista, em que muitos pregadores gostam de “arrebatar” a platéia, na vã tentativa de arrancar um “glória” dos mais gelados (sim, a dubiedade de sentido foi intencional):

Muitos pastores prestam um desserviço ao rebanho ao desestimular o estudo e os projetos futuros. Quando um pastor fica o ano inteiro dizendo que Jesus pode voltar naquela noite, todas as atenções da igreja se voltam para aquilo.

Ora, se Jesus pode (ou vai, dá quase no mesmo) voltar hoje, tudo o mais se torna supérfluo e totalmente desnecessário, desmotivando os crentes a terem qualquer projeto para o futuro. É certo pregar sobre a volta de Jesus, essencial na verdade, mas não dessa maneira, principalmente fazendo uso de um emocionalismo deplorável e aviltante. Precisamos de uma pregação que não só constranja os crentes a serem fiéis, mas também a ser sal fora do saleiro, atuando em áreas onde sua ajuda é essencial. Ser crente não nos reduz a sermos unicamente obreiros na seara, mas a sermos crentes em tudo e em todas as áreas. (excerto do meu texto citado no link: Deixando de lado a mentalidade de vítima)

Encruzando os braços, os cristãos estão entregando o mundo às baratas. Desistindo de lutar pelas próximas gerações. Isso sim é que podemos chamar de alienação.

Como assim, encruzando os braços? Pelo menos, desde que me converti (há “apenas” 15 anos), quem estava de braços cruzados eram os cristãos tradicionais – refiro-me à realidade verde-amarela. Os maiores esforços missionários, com cruzadas – no Brasil, repito -, envio de obreiros aos campos brancos para ceifa e etc., eram fruto de igrejas com viés dispensacionalista/pentecostal.

De fato, como citado no parágrafo anterior, já vi – e critiquei – essa posição, ou falta de disposição, mas não posso concordar com essa generalização abrangente, pois conheço muitos que nem compartilham nem advogam esse estado de coisas.

Claro que minha restrita visão pode estar [bem] equivocada, mas, até prova em contrário, sustento essa posição.

Se os leitores da Bíblia comentada por Scofield deixassem de dar crédito àquilo que está em seu rodapé, e começassem a ler mais o conteúdo das Escrituras, talvez houvesse uma revolução. O problema é que estamos condicionados a uma leitura, e qualquer um que faça uma leitura diferente é logo tachado de herege.

Por desconhecerem a história, ignoram que muitos dos escritores cristãos aclamados também esboçavam uma escatologia esperançosa quanto ao futuro do Mundo. Gente como Spurgeon, Whitefield, Wesley, Calvino, Lutero, Lloyd-Jones, Jonathan Edwards, os puritanos, e tantos outros, criam no avanço do Evangelho e na eventual conversão das nações a Cristo (Leia Salmo 22:27-28). Era a isso que chamavam “avivamento”.

Minha adoção ao dispensacionalismo não foi herança scofieldeana… como acredito de vários outros crentes Brasil afora. Então, nem vou me deter nesse ponto. Aliás, nem sabia que a Bíblia de Scofield tinha essa “reputação” toda…

Arrolar grandes homens de Deus como testemunhas de um ponto de vista que, inclusive, ou melhor, exclusive alguns deles, que nem chegaram a conhecer o dispensacionalismo, talvez não seja uma idéia da melhores…

Não discordo que o avanço do evangelho, transformando as pessoas que, transformadas, transformarão o mundo, seja uma das faces mais bonitas e almejadas do avivamento. O chamado Avivamento de Fiji, uma série de 7 vídeos disponíveis no Youtube, bem como a série de 6 vídeos dos avivamentos de Amolonga, na Guatemala, e Cali, na Colômbia, entre outras 2, é dessa direção: avivamento que transforma a sociedade e impacta, diretamente, a vida dos cidadãos.

Clique aqui e aqui para os posts desses avivamentos, os quais, no futuro, pretendo fazer algum comentário mais detalhado sobre eles. Sempre que os assisto, sinto-me movido a ser mais sal fora do saleiro, e mais crente fora da igreja (entenda-se mais atuante =o).

Continua no capítulo final dessa novela desse post…

 

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Wallace

Just another little servant of the Lord Jesus Christ. Apenas mais um pequeno servo do Senhor Jesus Cristo. Editor do blog Desafiando Limites (https://wallysou.com). Crítico do cristianismo evangélico da prosperidade e pensador cristão amador.

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