Quando orar é a única coisa a fazer…

nos becos sem saída da vida

Nessas férias, fui protagonista de várias peripécias, sendo que contei uma delas aqui. Como estamos estudando, neste trimestre, sobre oração, vou contar uma experiência que me fez voltar a entender que a oração, quando não é a primeira opção, acaba sendo nosso último recurso.

Aconteceu assim: lembra que, no post indicado acima, eu falei que comprei um produto caro e que não era genuíno, em Ciudade del Leste, vizinha a Foz de Iguaçu/PR? Pois então, estou envolvido nisso até o cadarço… risos

Na sexta à noite, véspera de ir embora de Foz, entrei em contato com a operadora do cartão de crédito, explicando o ocorrido e que pretendia ir à loja devolver o produto, sob a alegação de que não era genuíno (original), minha principal queixa. Acertado isso, logo na manhã de sábado, fui com minha esposa, e mais um amigo que conhecemos nessa viagem, rumo a Ciudade del Leste.

Antes de sair do hotel, orei e pedi que o Senhor me desse êxito nessa empreitada, que já havia me dado muitos dissabores (leia o post comentado e saiba mais). Deus me respondeu assim: “não será tão fácil como você imagina, mas Eu estarei contigo”. Respondi ao Senhor que, se Ele estivesse comigo, para mim era o que bastava. E fui.

Enquanto eu estava na loja, já no Paraguai, negociando a devolução da mercadoria, não sem antes passar na Guarda de Turismo local e registrar uma ocorrência de queixa por produto não-original, minha esposa se ausentou de mim, indo em uma loja próxima comprar bichinhos de pelúcia para aumentar sua coleção e presentear parentes. Depois de quase meia hora de uma conversa difícil, onde não chegamos a qualquer acordo favorável a mim, devolvi o produto (uma câmera digital), e saí da loja de mãos abanando, para espanto do dono.

Ao ir até a outra loja procurar minha esposa, estava um verdadeiro caos consumista, típico dos sábados naquela região da fronteira, e não consegui achá-la. Tentei ligar em seu celular, mas o sinal das operadoras em Ciudade del Lest é precário: Oi lá é Tchau, Vivo é Moribundo, Claro é Trevas e TIM… ganei, viu trouxa? Após tentar ligar uma meia dúzia de vezes para ela, sem sucesso, onde uma mulherzinha chata atendia e dizia num tom de voz debochado e irritante “Sua chamada está sendo direcionada para a caixa de mensagens!“. Oh mulherzinha da voz insuportável, e quando se está com pressa, fica pior ainda.

Sem perda de tempo, corri ao outro lado rua, no Shopping Monalisa, e comprei a mesma câmera, só que original, por 30% a menos do que na loja anterior. Pense numa alegria grande quando saí de lá. Então, retornei às tentativas – todas frustradas – de ligar para minha esposa, mas a única voz feminina que ouvia era “Sua chamada está sendo…”, aí eu desligava, porque além, de chata, vai que a mulherzinha pensava que eu tava querendo algo com ela, né? risos

O que você pensar que eu poderia fazer, eu fiz: voltei na loja que ela deveria estar, procurei entre as estantes, andei pelos andares inferiores e superiores, e liguei… liguei… e liguei. Só para ouvir a clássica cantada “Sua chamada está…”. Pense na raiva que consumiu toda a alegria de antes, e na angústia e ansiedade junto, porque nosso voo partia às 14h, e ainda estávamos no Paraguai e a manhã estava terminando.

Refiz nosso roteiro, voltei por onde achei que ela estaria, e imaginei: “ela deve ter ido para a ponte, porque sabia que temos horário de sairmos daqui para chegarmos no hotel, fechar a conta e partirmos para o aeroporto”. Nisso, já eram mais de 11h e, cansado de ouvir “sua chamada está…”, resolvi ligar para os irmãos dela contando as agruras de Foz. Enquanto minha cabeça parecia um fósforo sendo esfregado com força, soltando faísca pra todo lado, eles(as) me diziam: “Wallace, fique calmo, vai dar tudo certo. Nós estamos orando, não se preocupe”. Mas, cadê eu conseguir me acalmar?

Já do lado de cá da ponte, sem poder voltar, por conta do produto já declarado na alfândega, e uma fila de sacoleiros sem tamanho, portando sacolas abarrotadas, confesso: bateu o desespero. Minha cabeça, depois de tantos esfregas, finalmente e literalmente, pegou fogo. Imaginem a situação: eu no Brasil, com voo marcado para dali a poucas horas, sem contato e sem saber onde estava minha esposa, no meio do caos da Ponte da Amizade. Eu estava, literalmente, vivendo o pior de dois mundos, e sem saber o que fazer.

De vez em quando, ligava um irmão dela, repetindo as mesmas palavras: “não perca a cabeça, estamos orando e vai dar tudo certo”. Enquanto eu ouvia essas palavras, minha cabeça fervia e doía, e só pensava coisas desagradáveis e difíceis de engolir, como assalto, rapto e coisas desse porte. Se você já passou por um estresse semelhante, deve entender o que estou dizendo, e saber o que foi que senti.

Finalmente, sem opções, acatei a sugestão de um mototaxista e voltei para o hotel, na esperança de encontrá-la por lá. Chegando ao hotel, ela não estava, mas, ao abrir a porta do quarto, encontrei lá o que jamais esperaria achar: o celular dela, na bancada. Se ainda havia alguma parte do meu couro cabeludo que ainda não tinha pegado fogo em cima da ponte, acabou de queimar ali mesmo, no quarto. Eu dei um grito tão estapafúrdio que acho que, até hoje, ainda devem estar procurando o homem das cavernas que visitou Foz naquela manhã de sábado… bendito anonimato vocalístico.

Como já não havia mais o que fazer, e sem opções, tive que render-me aos pés do Mestre e confessar meus mais profundos temores e angústias. Minhas palavras diante do Rei foram poucas: “Senhor, eu já tentei de tudo e não resolvi nada. Ela é tua filha, eu sou apenas o cuidador dela, traz ela de volta para cá, por favor!”. A partir daí, entreguei minha ansiedade ao Senhor e comecei a descansar Nele. Quem me ligava, um pouco preocupado, me encontrava em processo crescente de paz e tranquilidade.

O que havia mudado na situação? Nada, a situação continuava dramática, mas o meu drama particular já havia chegado ao fim, e a confiança de que Deus faria algo era palpável. Fui tomar banho, para ajudar a esfriar a cabeça… risos, comecei a arrumar as malas, para não acarretar quando ela chegasse e pudéssemos ir a tempo para o aeroporto. Quando fiz a oração eram quase 12h. Desci na recepção, esperando para ver o que ia acontecer, e fui a um caixa eletrônico sacar dinheiro para as despesas previsíveis de táxi, etc.

Quando retornei, após 5 minutos, o recepcionista me avisou que minha Costela havia ligado, ainda do Paraguai, e tinha deixado um número. Retornei e disse a ela que viesse imediatamente para o hotel, e ela chegou após 15 minutos, sã e salva. Eu já não estava mais estressado, em parte porque orei e em parte porque não tinha mais stress em reserva, já que eu tinha gastado tudo horas antes.

Subimos, terminamos de arrumar as malas, descemos, fechamos a conta, partimos para o aeroporto e, apesar de chegarmos um pouco depois do horário determinado – 1h antes do voo -, embarcamos sem problemas. No aeroporto, encontramos os amigos que fizemos no hotel, e que sabiam da situação que eu estava vivendo. Quando ouviram parte da história que contei, rimos bastante. Quem diria que, depois de protagonizar verdadeiro “show” na cabeceira da Ponte da Amizade, comportando-me como se estivesse à beira de um ataque de nervos (e estava mesmo), agora assumiria o papel de comediante, fazendo piada com a desventura passada?

Moral da história: pode faltar celular, pode faltar comunicação, pode faltar o que for, só não pode faltar oração. Pois é a oração que nos traz a calma necessária para lidarmos com a situação de forma equilibrada e sensata, conseguirmos sair do apuro e ainda dar boas risadas depois.

Você está passando por angústia, stress, ansiedade e desespero? Eu sei, é difícil mesmo, sei que não é fácil. E orar, nesses situações, dá a impressão que não vai mudar muita coisa, mas, no meu caso, depois que orei, a angústia foi embora e a solução veio, mansamente, pousar em meu colo. Experimente entregar seus problemas a Deus, e deixe nas mãos dEle a tristeza que o aflige. Colocar nas mãos do Senhor nossa ansiedade faz com que Ele coloque em nossas mãos a paz que só Ele tem, e que excede todo o entendimento: o mundo se acabando ao redor, e você desfrutando de paz e tranquilidade.

Experimente!

Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os seus corações e as suas mentes em Cristo Jesus. Fp 4.6, 7

Postou wally, Desafiando Limites estressantes.