Mega-igrejas ou Torres de Babel modernas?

Qualquer semelhança com o Congresso Nacional é mera brincadeira

Hoje tive uma idéia estranha, ao meditar no local onde moro, que é uma espécie de cidade vertical. São tantos prédios que, se fossem colocados deitados, cobririam uma área muitas vezes, mas muitas mesmo, maior do que ocupa. Eu fiquei refletindo que, quanto mais pessoas juntas em um mesmo espaço – um prédio, no caso – menos elas se conhecem.

Em meu andar moram mais umas 3 famílias, coisa de poucos metros de uma porta para outra, nós já nos vimos várias vezes no elevador, na garagem, mas não sei dizer o nome de todos de cor. Pior, nem sei quantas pessoas fazem parte da família e, se esbarrasse com elas na rua, talvez não reconhecesse ou não soubesse dizer quem era de qual apartamento. Tudo bem, você diz, “talvez seja problema de memória ou falta de atenção ou, quem sabe, idade”. Não é. Pergunte a quem mora em prédios. Sofre do mesmo mal que o meu.

Ao contrário, já passei vários períodos de tempo nos “sítios” (zona rural) de meus tios, tias e avós. As pessoas moravam distantes umas das outras por quilômetros, às vezes tanto que uma caminhada se tornava quase uma viagem. Todavia, havia, entre elas, uma paradoxal proximidade e intimidade. As pessoas conheciam seus vizinhos, seus filhos e até mesmo suas necessidades. A distância que as separava, por um lado, servia como liga para uni-los, de outro. Mistério.

Nas igrejas, ocorre algo semelhante: nas igrejas rurais, os crentes andam, literalmente, quilômetros para ir à Casa do Senhor adorar a Deus. E chegam cedo. Cumprimentam-se efusivamente e conhecem-se muito bem. Já nas igrejas urbanas, o quadro não é tão vívido. As pessoas, muitas vezes, entram e saem da igreja passando despercebidas e quanto maior a igreja, menos comunhão se vê entre a membresia.

Não é estranho que quanto mais pessoas reunidas, menos comunhão há entre elas? Não vou generalizar dizendo que são todas, mas muitos dos grandes templos que vemos hoje servem mais para promover shows, personagens e títulos do que propriamente para cultos de adoração ao Senhor.

Quando vejo pastores querendo erguer catedrais cada vez maiores para demonstrar um poder e sucesso terrenos, tal como é o caso da piada gospel do momento, a ereção edificação do templo de salomão do (p)Edir Macedo, que nada mais é uma forma de jogar fora um dinheiro que seria muito melhor utilizado se fosse investido na cura do corpo e da alma de pessoas que sofrem os efeitos crônicos da fome, como na África, ou os desastres naturais do Rio de Janeiro, p.ex.

Mas, não, querem erguer catedrais para que o tempo se encarregue de esvaziar o templo desses auto-deuses arrogantes. Parece que esqueceram-se da lição no Antigo Testamento que o Senhor procura os verdadeiros adoradores, e não meros frequentadores de reuniões com aparência de santidade. O Templo de Salomão (o original) era uma verdadeira maravilha, mas mesmo tendo sido Deus o seu projetista, não hesitou em demoli-lo quando Sua glória abandonou o lugar.

Não confiem em palavras enganosas: “Este é o templo do Senhor, o templo do Senhor, o templo do Senhor! ” Jeremias 7:4

Se você não entendeu bem o que eu disse, não se preocupe, foi apenas um espasmo intelectual, um desabafo em vista do atual estado de coisas que vejo na igreja evangélica brasileira.

Às vezes, quase perco a esperança de que a igreja se endireite, pois vejo que a tarefa é grande demais para um homem realizar, mas quando me lembro de essa obra pertence ao Filho do homem, então me tranquilizo e reconheço que o que está em Apocalipse não deixou de ser verdade: que no Céu havia um trono, e nesse trono estava sentado Alguém.

É verdade, precisamos desafiar os limites da falta de esperança e continuar lutando para que a igreja continue a se parecer cada vez mais com a Noiva que Jesus vem desposar.

 

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Wallace

Just another little servant of the Lord Jesus Christ. Apenas mais um pequeno servo do Senhor Jesus Cristo. Editor do blog Desafiando Limites (https://wallysou.com). Crítico do cristianismo evangélico da prosperidade e pensador cristão amador.

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