continuação da parte 1, atendendo a pedidos… risos
No post anterior, falei que tive depressão e, rapidamente, quais motivos me levaram ao fundo do poço. Agora, vou detalhar um poucochito mais aquela situação angustiante. Relembrando os fardos: desilusão amorosa, dificuldades financeiras e dificuldades familiares.
- desilusão amorosa: não tem muito a ver com a pessoa, mas sim com a situação vivida. Às vezes, você pensa que tal coisa ocorreu porque tal pessoa estava envolvida, mas, depois de um tempo, e de ver a situação por outro ângulo, você descobre que dimensionou mal certos fatos e errou a mão em outros atos. Em suma, coração e depressão é uma relação que não casa bem… A desilusão amorosa produz um gosto amargo na boca, que só não é mais difícil de descrever do que de engolir. Só quem já sentiu pode confirmar o que falo.
Mas, graças a Deus, dali em diante, melhor dizendo: por conta disso tomei uma atitude que mudou minha vida sentimental: proclamei um ascetismo emocional até que descobrisse quem seria minha futura esposa, moratória essa que durou 4 longos anos… mas isso já é outra história, para outro post =o)
Acredito que muitas pessoas submergem na depressão porque, em algum momento, seu relacionamento amoroso afundou. Pode haver coisa mais dolorosa do que ver a pessoa que você ama nos braços de outro, mas isso, provavelmente, mata, porque a dor que senti, na época, quase me matou.
Reconheço que não é fácil sair de um quadro depressivo quando se está com o coração em frangalhos, mas ficar curtindo uma depressão de estimação também não vai levá-lo a lugar algum. Pense nisso.
- dificuldade financeira: após um período de relativa prosperidade financeira e econômica, terminei por conhecer o outro lado da moeda, literalmente. Deixei o estágio remunerado no qual ganhava uma quantia razoável para alguém solteiro, no final dos anos 90 (1998, para ser mais exato). Recém-formado, idealista, bom currículo, pensei que tudo se resolveria em pouco tempo. Essa ilusão logo desmoronou depois de duas dezenas de entrevistas e resultados negativos, ao longo de 12 infindáveis meses. Concomitante a isso, também vi o declínio financeiro de meus pais, sem conseguir ou ter forças para evitar a tragédia.
Houve duas situações que foram especialmente cruéis e que me marcaram de forma profunda:
Uma foi quando, após meses de um desemprego desolador, fui para um evento na igreja. Saindo de casa, pude ver meu carro estacionado em frente de casa. Eu estava indo para a parada de ônibus, porque o dinheiro não dava para abastecer o carro. Olhei para o carro como quem olha para um amigo em apuros, sem poder ajudar. Quando bateram meu carro, ficou meses sem um conserto decente. Eu tinha até vergonha de chegar na igreja nele. Sentiu o drama? Pois você ainda não sabe da melhor – ou pior – parte.
Havia uma barraquinha, de um amigo meu, onde eu comprava pés-de-moleque (é um doce de amendoim caramelizado). Na época, custava uns R$ 0,20 (vinte centavos), se não me falha a memória, afinal isso foi lá no século XX, lembra? Eu estava devendo dois, ou seja, R$ 0,40 e havia economizado R$ 0,20 durante a semana e colocado em meu guarda-roupa e, no sábado, reuni os R$ 0,20 restantes.
Cheguei em casa para o almoço, fiz meu prato, e naquele dia minha mãe tinha feito uma comida da qual gostava muito. Mas, antes de começar a comer, fui colocar os R$ 0,20 amealhados no sábado para fazer companhia aos outros R$ 0,20. Até aí, tudo bem, exceto pelo fato de os R$ 0,20 não estarem mais no lugar onde os deixei, achando o lugar mais limpo que corredor de igreja em dia de casamento.
Meu coração não aguentou o tranco, e meus olhos foram invadidos por lágrimas quentes que transbordaram sem que as pálpebras pudessem contê-las. Perdi a fome, deitei-me desconsolado e fui tentar dormir. Acordei com os resmungos de minha mãe reclamando porque eu havia deixado o prato em cima da mesa, e os gatos estavam se banqueteando com a comida desamparada. Levantei, separei um pouco a comida meio-comida pelo gato, e comi uma parte do que sobrou.
Naquele dia, disse para mim mesmo: “se um dia eu vier a ganhar muito dinheiro, jamais me esquecerei que, um dia, perdi a fome porque não tinha R$ 0,20 para pagar uma conta!”
Quando pego meu contracheque hoje, cheio de números sorridentes, não me esqueço daquele dia de escassez, da época das vacas magras, e louvo a Deus pelo milagre da multiplicação em minha vida.
continua na parte 3…
postou wally, grato a Deus pela cura, todos os dias, no Desafiando Limites.
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Blog Comments
8 Valiosas Lições Que Farão de Você um Vencedor - Desafiando Limites
10 de outubro de 2012 at 11:45
[…] Quando eu tive depressão, a tristeza era minha companheira de todo dia. Eu não estava apenas triste, eu vivia triste todo dia, e o dia todo. Raro era o dia em que eu não chorava ou me lamentava por mais uma decepção ou frustração. E o pior: comecei a me acostumar com essa vida triste. E assim era minha vida: um deitar e acordar triste, amargurado. Isso quando eu não acordava de madrugada, tomado pela tristeza. Havia dias em que eu não chorava por falta de lágrimas, porque já tinha chorado às bicas no dia anterior. Estou falando sério, de verdade. […]
Prosperidade em meio à crise – revelando o caminho das pedras at Desafiando Limites e Vencendo Barreiras
5 de dezembro de 2011 at 11:58
[…] um turbulento período de desemprego que me levou a uma espiral de fracassos e decepções que culminaram em um processo depressivo. Nessa época eu descobri o que era o deserto de Deus, e até as minhas necessidades mais básicas […]
Orlando Calado
15 de setembro de 2010 at 22:08
Estou com 70 anos e nunca tive depressão. Morei 42 anos no Rio de Janeiro e desempenhei funções em uma grande companhia brasileira durante 22 anos.
wallysou
17 de setembro de 2010 at 11:48
puxa vida, que surpreendente!
então o sr. poderia me dizer qual é seu blog ou site onde o sr. compartilha suas grandes experiências de vida? afinal, o sr. tem quase o dobro de minha idade, e deve ter muita coisa boa para contar e edificar seus leitores.
se quiser contar sua experiência aqui, fique à vontade.
andimarj
2 de setembro de 2010 at 21:23
Fala Wally! A Paz do Senhor.
(Eu já tinha lido post, mas tinha esquecido de comentar… Vamos lá!)
Você falou da sua costelinha :), e eu lembro que comentei com a minha (futura, mas praticamente presente) sobre os 20 centavos do post. A reação dela (já esperada) foi: "Nossa, mas o que é 20 centavos?" :) Muito pra quem não tem.
Há um versículo em Provérbios 27:7 que diz: "A alma farta pisa o favo de mel, mas à alma faminta todo amargo é doce." E é em momentos como esse que paramos pra refletir sobre o verdadeiro sentido e significado das coisas. E nisso não falamos somente de dinheiro, mas, principalmente, de coisas que realmente são importantes para nós (como a esposa, os filhos, os pais, a família). Lembro das palavras do meu pai quando meu avô tinha falecido havia poucos dias. Ele disse: "Queria tanto estar com ele agora. Eu tive muito essa oportunidade, mas a gente nunca aproveita tanto quanto poderia". Essas palavras marcaram minha vida e, desde então, procuro estar sempre presente na vida dele e das pessoas que amo.
Interessante também nisso tudo é o que o Senhor, na sua infinita sabedoria, nos permite passar para nos aperfeiçoar e nos preparar para algo especial que Ele tem pra nós. (Jeremias 29:11) Se isso tudo não tivesse acontecido, talvez esse Blog nem existiria. Mas graças à Deus existe e veja quantas vidas tem sido abençoadas. Graças ao nosso Grande Senhor por isso.
A Paz do Senhor, camarada.