Balanço das Eleições 2010 – E agora?

quem é você na foto? verde, azul, vermelho, roxo ou amarelo?

As eleições vieram e o primeiro turno foi, para muitos, ao abrir das urnas, uma caixinha de surpresas.

Pela primeira vez, em grande escala, o peso da igreja evangélica brasileira foi sentido nas eleições. Outro peso também se fez sentir: o da influência de blogs e sites evangélicos.

Pela primeira vez na vida, como cidadão, senti um gosto de vitória, mesmo minha candidata não sendo eleita. A ascenção de Marina Silva, na reta final, de uma tacada só, atingiu em cheio os 2 primeiros colocados. Foi quase como acertar 2 coelhos com uma cajadada só: Dilma ficou com um gosto amargo na boca, e Serra com um sorriso amarelo nos lábios.

Dilma amargou ter de levar a disputa para o segundo turno, em uma fatura que já era considerada liquidada, “favas contadas”. Serra, por sua vez, estampou no rosto aquele conhecido sorriso sem graça, marca registrada sua há tempos. Dilma viu Marina tirar de sua boca o pirulito da comemoração antecipada, e Serra subiu empurrado pelo crescimento de Marina, enquanto ele empacava nas pesquisas, atolado em uma campanha insossa.

E Marina, de rejeitada, desprezada e taxada com os mais diversos adjetivos de pejoração explícita, passou a ser a cortejada da vez. Nunca antes na história deste país, uma derrotada será tão assediada por quem, genericamente, a desprezou.

Questões partidárias à parte, pois não quero fazer apologia a nenhum dos dois, nem Dilma nem Serra, a atenção que quero chamar aqui é outra, e avaliar os prós e contras de a igreja ter despertado e conhecido um poder, até então, adormecido.

Fatos negativos

A igreja precisa amadurecer para não ser enredada e enfeitiçada pelo canto da sereia a qual será exposta a partir de agora.

A igreja precisa crescer para não ser acusada de espalhar boatos-minhoca (sem pé nem cabeça), tal qual a frase polêmica de Dilma que ninguém conseguiu provar: “Nem Cristo me tira essa vitória”. Pior, a igreja precisa crescer para não ser acusada de, pasmo, crer nesse tipo de coisa.

Esse tipo de boato só tira o foco de questões primordiais e vitima a verdade e a consciência, sendo facilmente resolvida e que reverte em benefícios para a vítima, em um segundo momento.

A igreja deve ser conhecida pelo seu poder de influência social, não por um suposto poder de alienação moral, como já querem colar, nela, essa pecha.

A igreja também precisa aprender a fazer uso dessa ferramenta poderosa que é a internet, por meio de uma capilaridade auto-irrigável e auto-sustentável de blogs e sites cristãos de qualidade, coisa que, ainda de forma incipiente, já existe. É preciso investir mais para explorar esse rico filão à disposição da igreja.

Fatos positivos

A igreja descobriu-se como noiva e não mais como prostituta. A noiva é cortejada, recebe presentes, enfeita-se e é valorizada. A prostituta, na contramão, vende-se. Chega, a igreja não é prostituta, é Noiva. Noiva não se vende e nem dá a mão a qualquer um.

A força da internet foi, ainda que superficialmente, descoberta e explorada. Isso não deve ser apenas motivo de comemoração, mas de investimento para que essa descoberta não se torne uma riqueza desperdiçada, jogada fora.

Setores da sociedade viram que a igreja tem uma voz, e que essa voz já não pode ser simplesmente ignorada. Se antes, um dia, foi silenciada, já não pode ser sequer desprezada, um grande avanço, sem dúvidas.

Desafios futuros

O inferno, certamente, também não ficou desatento a essa nova força que surgiu num momento inoportuno. Nem feliz. A partir de agora, o investimento da cúpula diabólica crescerá e atingirá novos níveis nesse novo cenário que está posto, e essa investida se dará, estrategicamente, em 3 grandes frentes, a partir de agora, enquanto você lê estas linhas.

Cooptação: o valor do passe dos pastores na bolsa vai aumentar, e muito. O inferno vai querer comprar mais pastores, e vai conseguir porque, infelizmente, há muitos vendendo sua vocação, trocando-a por um prato de lentilhas. Até pastores ilustres serão assediados, aliás, principalemente eles, pois o retorno do investimento é maior. Podemos esperar uma diversidade de investimentos do inferno na igreja.

Infiltração: outra estratégia diabólica será plantar joio no meio do trigo, para semear discórdia entre o povo de Deus, quebrando a unidade e, consequentemente, o poder do voto coletivo. Preparem-se para começar a ver celebridades e políticos “convertendo-se” e querendo angariar votos no seio dos irmãos.

Difamação: haverá, também, uma maior proliferação de campanhas caluniosas contra a igreja, explorando escândalos plantados para abalar ânimos e deixá-los mais aptos aos lobos infiltrados. A igreja será acusada de “atalia do atraso” e “vanguarda do retrocesso”, a inimiga da evolução e adversária do avanço. Seremos, novamente, os “quadrados”, mas também redondos e retangulares, enfim: “cheios de arestas não aparadas”.

Como resistir – e vencer – essa investida infernal?

Recusando os manjares do rei. À semelhança de Daniel e seus amigos, na corte babilônica, devemos nos abster de participar dos banquetes onde a carne e a luxúria rolam soltas, e os crentes cooptados, como cachorrinhos, ficam comendo na mão dos poderosos deste mundo caído.

Crescendo na graça e no conhecimento. A igreja precisa atingir maturidade, alcançando a estatura de varão perfeito, que não se deixa levar por qualquer ventinho que $opra aos ouvido$. Também é com essa maturidade que se discerne lobo em pelo de cordeiro.

Permanecendo puro. Somente com pureza é que a igreja poderá calar seus acusadores, envergonhando-os pelo desmascaramento de suas estratégias mentirosas. Devemos nos lembrar que a igreja tem crédito, tanto no Céu como na praça. Por isso é que, para não perder o crédito, ela não pode se vender aos agenciadores satânicos e cafetões da prosperidade. Nem avalizar qualquer um, sem uma fria e sensata análise.

Os desafios estão postos. Estaremos à altura deles? Somente o tempo dirá.

O embate já começou, e vencerá quem tiver profunda convicção de seu chamado.