Contudo, Deus não se agradou da maioria deles; por isso os seus corpos ficaram espalhados no deserto. Essas coisas ocorreram como exemplos para nós, para que não cobicemos coisas más, como eles fizeram. Não sejam idólatras, como alguns deles foram, conforme está escrito: “O povo se assentou para comer e beber, e levantou-se para se entregar à farra”. Não pratiquemos imoralidade, como alguns deles fizeram — e num só dia morreram vinte e três mil. Não devemos pôr o Senhor à prova, como alguns deles fizeram — e foram mortos por serpentes. E não se queixem, como alguns deles se queixaram — e foram mortos pelo anjo destruidor. Essas coisas aconteceram a eles como exemplos e foram escritas como advertência para nós, sobre quem tem chegado o fim dos tempos. (ênfases acrescidas)
Exemplos que não devemos seguir
Primeiro mau exemplo a ser evitado: não cobiçar as coisas más.
Não sei exatamente a que Paulo estava se referindo ao escrever isso, mas uma das coisas que posso deduzir que era no contexto da peregrinação do deserto. Ao pensar nisso, uma das coisas que me vêm à mente é quando os recém-libertos do cativeiro reclamam de Deus e sentem saudades da comida do Egito. Bem, já almocei, certa feita, em um restaurante de um egípcio e, apesar de não ter “amado” a culinária dos faraós egípcia, ela não era ruim, era apenas… diferente, se é que você me entende. Você já tomou suco de uva com pétalas de rosa? Não? Pois eu já:
Exalando um novo perfume
Voltando aos pratos egípcios. Que mal havia em gostar de alho poró (sabe, tinha muita curiosidade em comer esse tal de alho poró, até que finalmente achei, e quer saber? não é que o bicho é gostoso mesmo!) e outros temperos das múmias mesas de faraó? Nada. Nada? Nadinha… gostar não tinha problema, afinal eles poderiam ter trazido na bagagem, plantar na terra prometida, sem problemas. Então por que o Senhor ficou tão furioso a ponto de permitir até mortes entre eles? A questão era a volta ao Egito. Eles não queriam o alho do Egito, eles queriam o Egito dos alhos? Entendeu ou acabou se confundindo, misturando alhos com bugalhos?
A cobiça deles estava ligada ao retorno à escravidão, ao cativeiro, ao estalo da chibata e o grito dos feitores. Sabia que existem pessoas que podem até sair do cativeiro, mas o cativeiro não sai deles? É isso mesmo, pessoas que continuam presas a cativeiros emocionais, relacionais e até doutrinários. Mas, se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.
Ao invés de cobiçar as coisas más, que tal se você desejar as coisas boas?
Segundo mau exemplo a ser evitado: não ser idólatra.
As advertências contra a idolatria permeiam toda a Bíblia, desde Gênesis até culminar nos capítulos finais de Apocalipse. Agora, por que a idolatria é tão veementemente combatida nas páginas sagradas? Em primeiro lugar, porque Deus não aceita cópias, seria uma resposta até meio abusada, concorda? Mas, olhando por outro aspecto, não poderia ser por que Deus não aceita que sejamos enganados por, digamos, deuses “piratas“, cópias fajutas que cobram caro por um produto de péssima qualidade?
Poucos se dão conta disso, mas a idolatria está intimamente ligada à prostituição, violência e rebeldia desenfreada. Nosso carnaval, a festa da carne, é um típico exemplo disso. Não é só porque houve uma tragédia deixou uma pequena cidade mineira de luto que estou dizendo isso (leia mais aqui e aqui). Mas, e as dezenas de vidas perdidas nos infinitos bailes Brasil afora? Por que tanta coisa contra o carnaval não é noticiada? Simples: porque poucos ganham muito dinheiro, e esses, interesses de governantes incluídos, não se esforçam por mostrar a verdadeira face de Momo à população que, extasiada, pula sem parar.
Tantas vidas perdidas, tanto futuro desperdiçado, tanto talento e sonhos sepultados, por quê? Sabe o que mais revolta? O desprezo para com as coisas que de fato importam: ver o prefeito do Rio de Janeiro anunciando um aporte de 3 MILHÕES de reais para ajudar as escolas que tiveram seus galpões queimados, enquanto os desabrigados pelas chuvas têm que preencher cadastros para terem acesso a migalhas, se comparadas ao milhões destinados à folia momesca. Na época de Paulo, 2.000 anos atrás, a idolatria estava, invariavelmente, ligada à prostituição e festividades carnais (as famosas bacanais). É a história se repetindo.
E você, tem se rendido à idolatria ou adorado apenas ao único e verdadeiro Deus?
Terceiro mau exemplo a ser evitado: não ser imoral.
Imoralidade é a qualidade (qualidade?) daquilo que é imoral, sem moral, contrário à moral. Mas, o que seria “moral”. Moral quer dizer, basicamente, bons costumes, regras de convivência que são adequadas e necessárias para uma boa convivência social. Moral é do latim, mas em grego seria “ética” (saiba mais aqui).
Infelizmente, o Brasil é pródigo em exemplos de imoralidade, desde os mais altos escalões até os mais baixos. Quebramos as regras de moralidade a torto e a direito, desculpe o trocadilho, quando estacionamos na vaga da velhinha ou do aleijadinho (isso também é imoral dependendo do tom adotado, e foi só pra exemplificar, ok?), quando os deputados e senadores aprovam um aumento absurdo para si e negam um aumento minguado ao salário mínimo, entre outros tantos exemplos.
Apesar de a moralidade ser variável, mudando de acordo com o tempo e o povo, a Bíblia tem uma moralidade que ultrapassa as barreiras temporais e fronteiras geográficas, e é comumente chamada de “ética judaico-cristã”, por se referir à ética pregada tanto no Antigo como no Novo Testamentos.
Sabe, hoje não estou tão feliz, porque fiquei sabendo de exemplos imorais de pessoas de eminência (destaque) no meio cristão (evangélico). Sabe, às vezes fico me perguntando se essas pessoas creem mesmo naquilo que pregam. Se sabem que Deus abomina a mentira, por que mentem? se sabem que Deus condena o roubo e o engano, por que fazem essas coisas? Eles são ateus e não sabem, porque se cressem mesmo, não agiriam assim, pois sabem que são dignos de morte (eterna) os que assim procedem.
E você, tem se portado de forma ética (de acordo com o padrão divino) ou também tem se dobrado à imoralidade?
Quarto mau exemplo a ser evitado: não tentar a Deus.
Tentar a Deus (ou pôr Deus à prova) é uma proposta indecente, sabia? Mas, por quê? Por que está usurpando não apenas um direito, mas uma atribuição exclusiva dEle, como Deus: soberania, querer obrigá-lo a nos obedecer. Isso, nada mais é do que inverter os papéis: eu passo a ser deus e deixo de ser servo, trocando de lugar com Ele. E isso é trágico.
É trágico porque: primeiro, não tenho a paciência de Deus; segundo, não tenho a onisciência de Deus; terceiro, não tenho a onipotência de Deus. Li em algum lugar, não sei onde, que certo homem disse o seguinte “Se eu tivesse o poder que Deus tem, eu mudava tudo de acordo com minha vontade. Mas, se eu recebesse a sabedoria de Deus junto com o poder de Deus, acabava deixando tudo do mesmo jeito!”. Não não concordamos com os rumos que as coisas têm, mas, ao pensar do ponto de vista da eternidade, essas coisas perdem importância.
Na prática, o que é tentar a Deus? É desobedecê-lo propositalmente, afrontando-o. Vou dar um exemplo, trágico e pedagógico: Na Coréia do Sul, se não estou me enganando nos detalhes, na época em que os livros de David (Paul) Yonggi Cho estavam vendendo como água aqui no Brasil, uns 15 anos atrás, 3 garotas recém-convertidas foram evangelizar em um certo lugar e a ponte havia caído pela cheia do rio. Então elas disseram que Pedro havia andado sobre as águas, e elas iriam fazer o mesmo, segundo contam os que testemunharam os fatos. Resultado: seus corpos foram achados dias depois, bem longe.
Quando eu morava no interior do Mato Grosso, o pastor da igreja me designou para levar a ceia em um assentamento rural, uns 20km da cidade, em estrada de chão e bem no período das chuvas. Eu fui com a moto da igreja, uma CGzinha 125 1998 (acho), vermelha. No meio do caminho, deparei-me com a seguinte situação: um caminhão foi passar pela ponte de madeira, carregado com um trator de esteira. A ponte não suportou o peso e cedeu um dos lados, ficando o trator caído no córrego, virado de esteiras pra cima (se fosse um homem, de cabeça pra baixo =o).
A ponte estava quebrada de um lado – o que o trator caiu -, e do outro lado, quase inteira. Para passar a pé, era possível, mas e de moto? Avaliei a situação, pensei em voltar, mas os irmãos estavam me esperando naquela tarde de domingo. Dei uma passada a pé pela ponte (ou o que sobrou dela), pensei, pensei e pensei “dá pra passar, equilibrando-me bem e colocando o pneu da moto nessa quina da madeira”. A ponte ficou num ângulo de 45º aproximadamente, então era quase como andar no fio da navalha… risos
Orei, pedi que Deus me guardasse, que tinha um motivo justo e enviasse Seus anjos pra me proteger ali. Na verdade, um só bastava… Liguei a moto, fui andando e me equilibrando, enquanto acelerava pouco a pouco a moto, pois não era possível empurrá-la manualmente (ou pésalmente). Tudo estava correndo bem, conforme o planejado, até… até que a bendita moto “m-o-r-r-e-u” bem na metade da ponte! Pois é, pois foi: M-Ó-R-R-E-U, morrendo de morte morrida. E lá estava eu, no meio de uma ponte semi-caída, na chuva fina, sem saber o que fazer. Calma, já conto… deixa eu recuperar o fôlego (risos).
Não havia outra solução, ela não saía do lugar empurrando com os pés, tinha que ligar mesmo. Problema, não tinha partida elétrica, só no pedal… Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhh
Naquela hora, disse a Jesus: Senhor tomara que o anjo esteja aqui mesmo, porque estou sem saída. Você não vai acreditar, mas vou contar assim mesmo: baixei o pedal de partida da moto, subi nela, tirando o pé de equilíbrio da ponte, e dei umas pedaladas na moto (nem Robinho faria melhor). Ela pegou depois de umas 4 ou 5 tentativas, engatei a marcha de novo e acelerei até chegar do outro lado, são e salvo e ainda mais crente! risos
O que me chamou a atenção: a moto, enquanto eu estava em cima dela, sem o pé de equilíbrio na ponte, nem se moveu. Parecia até que a roda havia caído num vão e havia emperrado, mas não havia, porque após ligar a moto, ela saiu sem maiores problemas. Será que tinha um anjo segurando a moto enquanto eu tentava fazer ela pegar? Bom, se tinha eu não vi… mas, só porque não vi, não quer dizer que não tinha, certo? ;o)
Não tente a Deus, tenha respeito por Ele, e pelo que Ele é, e Ele não vai te deixar na mão, e nem no pé também… risos
Quinto mau exemplo a ser evitado: não ser queixoso (murmurador).
Disso eu posso falar com propriedade: murmurar. Houve uma época em minha vida em que eu só fazia 3 coisas, nessa ordem: murmurava, murmurava e murmurava, ou seja, vivia me queixando. Era um tal de reclama disso, reclama daquilo, reclama desse e daquele, era uma reclamação sem fim. O SAC (Serviço de Atendimento Celestial) já me conhecia de longe. Eu reclamava tanto que, assim que começava a orar e eles atendiam minha oração, ligavam logo aquela musiquinha (tarãnãnanã, tarãnãnanãnã, tarãnãnanã). Ninguém me suportava, nem eu. Até…
Até o dia em que Deus se cansou daquilo. Saindo de uma reunião de oração, encontrei-me com um irmão da igreja, jovem. Ao cumprimentá-lo, ele fez uma careta, deu uma franzida na testa e soltou um “Hummm”. Vixe, foi a senha para demonstrar que Deus havia falado com ele. “O Senhor acabou de me dizer que vai colocar você no deserto!”. E eu sabia lá o que era ir pro deserto? Amém, respondi… Meu irmão, eu descobri o que é deserto. Se você não sabe, agradeça a Deus por não saber, por que é difícil sair vivo de lá.
Em determinado tempo, me dei conta de que só sai do deserto dois tipos de pessoas: quem tem fé e quem é agradecido. E frequentemente, essas duas pessoas se mesclam em uma só. Eu, murmurador que era, estava fadado a morrer no deserto. Só me havia uma saída: ou matava esse meu EU murmurador, ou morria com ele no deserto. Era questão de vida ou morte. Então, até em legítima defesa, matei o Wallace murmurador e Deus me tirou do deserto. Pretendo contar mais quando concluir a série Tive depressão e fui curado, pode me cobrar, ok?
Do alto, ou do fundo do poço de minha experiência altamente desértica, posso afirmar sem sombras de dúvida: ou você é crente para sair do deserto, ou você morre nele. Foi o que aconteceu com Israel ao sair do cativeiro: só os que creram na promessa alcançaram a terra prometida. Hoje, estou de posse da bênção, mas não pense que foi fácil: teve gigantes no meio do caminho, feras terríveis e provações extenuantes, mas cheguei lá (ou aqui).
Creia, pois é crendo que se alcança a promessa. O deserto é um lugar de provação, sem dúvida, mas também, aos que creem, de aprovação.
Quer ser aprovado? Creia que você chega lá, creia que você vai sair desse deserto, creia que Deus vai te tirar desse cativeiro. Creia, meu irmão.
Creia, aqui no Desafiando Limites, mas em Deus, no Deus que pode todas as coisas em sua vida.
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