Às vezes, pensando nesse texto de Isaías,
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achava que ele se referia a várias coisas, menos na situação que é descrita a seguir, onde os bandidos se vestem de policiais e os maus não suportam a presença dos bons. É difícil acreditar que tal coisa aconteça, ainda mais dessa forma, onde a inversão de valores está tão descarada.
Nossa sociedade está enferma, e isso é apenas um dos sintomas desse estado social e moral putrefato, e a igreja, como sal da terra, tem perdido sua função salutar. Tem perdido a visão do céu por estar ligada às coisas da terra… sim , pregadores da prosperidade, estou olhando para vocês. A responsabilidade de a igreja estar tornando-se insossa é de vocês, que prometem o céu na terra, e perdem a noção do ridículo sem se darem conta que estão sacrificando valores eternos nos altares da vaidade.
O resultado? Notícias como esta, que nos mostram, como igreja, como estamos aquém do que deveríamos ser, influenciando os valores da sociedade para o bem.
ReproduçãoANTONIELLE COSTA
DA REDAÇÃOA delegada Ana Cristina Feldner, que presidiu as investigações sobre a morte do soldado da Polícia Militar de Alagoas, Abinoão Soares de Oliveira, afirmou, em entrevista coletiva, na terça-feira (25), que o policial foi morto por mera vaidade dos oficiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope), por serem considerados “caveiras”.
Segundo o relatório final do inquérito, “caveira” são aqueles que concluem o curso de operações especiais, recebendo ao final o direito de se tatuar com o símbolo e ser considerado como um ser especial.
“Desta forma, notamos que por ser um “caveira”, os instrutores se acham no direito de submeter os alunos a se sujeitarem as mesmas humilhações e torturas que eles aceitaram e se submeteram. E ainda se dizem serem melhores e especiais, deixando a vaidade se sobrepor as razões técnicas, legais e os objetivos da capacitação”, afirmou a delegada.
O soldado morreu vítima de tortura, por meio de afogamento, no dia 24 de abril passado, durante treinamento do 4º Curso de Tripulante Operacional Multimissão (TOM-M), realizado no Terra Selvagem Golf Club, na estrada de acesso ao Lago do Manso, em Chapada dos Guimarães, a 50 km de Cuiabá.
Perseguição
O treinamento foi ministrado pelos tenentes Carlos Evane Augusto e Dulcézio Barros de Oliveira, indiciados pela delegada por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, tortura e impossibilidade de defesa).
De acordo com Feldner, o caso teve início no dia 22, quando Abinoão passou a ser perseguido e punido, devido ao fato de ser “uma pessoa ímpar, qualificada e prestativa, com invejável espírito de humanidade e preocupação com os colegas”.
Na mesma data, seria realizada uma instrução de Ofidismo, para identificar animais peçonhentos, quando então se iniciaram os excessos por parte do tenente Carlos Evane Augusto, que aplicou spray de pimenta nos olhos de Abinoão.
No final da atividade, segundo o inquérito, Evane falou ao militar que iria “recomendá-lo” para a instrução dos “caveiras”, realizada no dia 24. A instrução foi ministrada pelo tenente Barros, que convidou o tenente Evane para auxiliá-lo. Para a delegada, tratou-se de um fato incomum, uma vez que as instruções são compostas por um instrutor (oficial) e monitores (praças).
Naquele dia, o tenente Evane estava de plantão no Bope e não deveria estar no local do curso. Conforme a delegada Feldner, o oficial se ausentou do quartel e deixou o Bope desguarnecido, para “brincar de afogamento”, junto com Barros, no treinamento.
Quando todos os alunos do curso estavam a postos, chegaram os instrutores segundo depoimentos, com atitudes antiprofissionais, fazenda arruaça e gritando com megafones, fazendo apologia a uma falsa superioridade.
“(…) quando os instrutores do Bope chegaram, a pressão psicológica foi muito maior; as palavras utilizadas pelos instrutores do Bope eram no intuito de zombaria e aumentar o nível de medo dos alunos, para que saíssem do curso; falavam que, se não saísse nenhum aluno do curso de forma voluntaria, a instrução seria horrível; coisas horríveis iriam acontecer; falavam “que hoje vai morrer gente”; tais palavras eram do ten. Evane e do ten. Barros…”, diz um trecho do depoimento do policial Jhonny Wanderson Sena Lima.
Em seguida, o instrutor determinou que o aluno Luciano Frezato (PM/PR) fosse retirado do grupo para permanecer em posição de flexão por 20 minutos. Logo depois, orientaram o PM de Tocantins Claudomir Braga para que se reunisse com demais alunos e fazer com que três pedissem para sair, que a instrução seria leve.
Sessão de tortura
Sem a desistência voluntária, Barros e Evane distribuíam três bóias, que foram colocadas no pescoço pelos militares Claudomir, Abinoão e Thiago, que por sua vez, foram marcados para sofrer até desistirem do curso.
A partir daí, conforme o inquérito, iniciou-se uma sessão de afogamentos, com golpes de mata-leão, “gravatas”e outros meios de tortura.
Segundo a delegada Ana Cristina Feldner, os alunos foram submetidos a condições diferentes, uma vez que muitos nada sofreram e outros foram “massacrados”.
“Coincidentemente, o nobre Abinoão era um dos mais baixos, portanto encontrava-se mais ao fundo, com uma maior distância da margem, e, não obstante ao já sofrido, Evane e Barros ainda aplicaram o golpe de misericórdia, covardemente e com o exercício já encerrado… Golpe este, fatal, pois conforme demonstrado, Abinoão saiu da água morto!!!! Pelas mãos de assassinos frios e cruéis travestidos de instrutores!!!”, relatou a delegada, no inquérito civil.
“(…) o ten. Evane o segurou e deu mais um “caldo”; este caldo foi fatal, pois ele desmaiou debaixo d’água e não subiu mais com vida; mesmo Abinoão não tendo mais movimento embaixo d’água, o ten. Evane dizia: ‘Você é bom em apnéia, aluno’, ‘Então, fica mais um pouquinho ai”, e assim continuava a segurar o corpo do aluno 14 embaixo d’água; o tenente Evane tirou Abinoão da água já inconsciente; na areia, começou a gritaria pelo socorro, pedindo ambulância, oxigênio; o Ten. Evane começou a fazer massagem cardíaca, mas foi sem sucesso; a massagem cardíaca no aluno 14 durou aproximadamente 7 minutos; muitos alunos perceberam que Abinoão estava sem vida, pois não respondia a massagem cardíaca…”, diz outro trecho do depoimento Jhonny Wanderson Sena Lima.
“Por fim, verifica-se o caos naquele local: aluno com parada cardiorespiratória, ou seja, morto; aluno convulsionando; aluno desmaiado… Analisemos o saldo dos ‘marcados’ pelas bóias e pela escolha de ser xerife”, concluiu Feldner.
Aluno 03 = Luciano Frezato (PM/PR) – escolhido como xerife, gritou por sua mãe, convulsionou e teve que ser levado de helicóptero para o hospital;
Aluno 05 = Claudomir Braga (PM/TO) – agraciado com a bóia, clamou por Deus durante a sessão de afogamento, necessitando de socorro médico no dia seguinte e, ao final, recebeu o apelido de “pulmão de sapo” pelos demais alunos por ter conseguido sobreviver;
Aluno 34 = Thiago Andrigo (PM/GO) – agraciado com a bóia, ficou inconsciente e teve que ser levado ao hospital;
Aluno 14 = Abinoão Soares de Oliveira (PM/AL) – agraciado com a bóia, saiu da água morto…
No inquérito da Polícia Civil, os policiais indiciados negaram a autoria do crime e declararam outra situação, compatíveis a uma instrução de boas maneiras.
Fonte: http://www.midianews.com.br/?pg=noticias&cat=3&idnot=23903
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