Continuação da parte 1:
Passados 10 anos dessa dolorosa experiência, no começo de 2005, revivi essa situação quando estudei para técnico do TRT/MG. Contei um pouco sobre isso quando escrevi sobre refletir antes de desistir. Nesse, eu também sabia, de antemão, que não havia ido tão bem quanto deveria, e corrigir o gabarito foi outro [quase] parto, naturalmente… Imprimi o gabarito, mas, por falta de coragem para corrigi-lo diante de pessoas conhecidas, dobrei-o cuidadosamente e procurei um lugar mais, digamos, reservado.
Sentei-me numa das muitas cadeiras de um local espaçoso que reunia várias agências governamentais (acho que o nome, ironicamente, é Poupa-Tempo, que é um ótimo lugar para você ficar preciosas horas em infindáveis filas). Voltando: sentado confortavelmente naquela simples cadeira, desdobrei a folha do apocalipse gabarito, e pus-me a torturar minha desesperada alma concurseira:
“mas como! eu errei essa? eu sabia que tinha que marcar a outra… não, essa também? ah, não acredito, era a ‘B’ e não a ‘C’! ah, nessa eu vou entrar com recurso, ah se vou! Como pude cair nessa pegadinha?”
Terminada a sessão de tortura correção da prova pelo gabarito, senti a mesma sensação de uma década atrás, e o peso do mundo, de novo, sobre meus ombros. Pelas coisas que escrevi no post linkado (refletir antes de desistir), esse baque foi mais forte. Apesar de parecer uma coisa meio absurda – e abstrata – de se dizer, o chão parecia fugir de debaixo de meus pés, proporcionando uma sensação tão esquisita que, se não fosse tão desagradável, até seria interessante descrevê-la.
A angústia dessa decepção demorou 9 (nove) longos meses para sair de dentro de mim e, como você deve estar imaginando, foi um verdadeiro parto até me ver livre dessa coisa que me enchia de desânimo e frustração. Uma coisa que me ficou marcada nesse período foi justamente a frase “ainda não foi desta vez”. Puxa vida, faltou muito pouco: apenas mais 2 ou 3 questões a mais, e estaria dentro das 60 vagas inicialmente abertas.
Mas, sabe por que essa frase foi marcante? Porque, muitas vezes, nossa história pode ser contada não só pelo que dizemos, mas, também, pelo que deixamos de dizer. E esse foi quase o caso, entenda o porquê: essa frase eu disse numa madrugada fria, no meio de um sonho – ou pesadelo, não sei, não lembro – que somente minha esposa escutou. Ela me contou, muito tempo depois, que eu falei: “pai, me desculpe, ainda não foi dessa vez”.
Só que, preciso esclarecer, fazia anos que eu não morava com meus pais, estava recém-casado e morando quase 1.000km longe dele. Um contexto bem singular. Mas, apesar da distância e do tempo, sempre admirei meu pai – e o admiro -, e, sem saber, ainda buscava sua aprovação. É muito doloroso você não conseguir atingir um alvo, principalmente quando esse alvo envolve uma pessoa querida a ser contemplada. Era meu caso, e eu nem sabia.
Hoje, lembrando-me disso, chego a ter um sentimento ambíguo e esquisito… não sei se rio da situação, ou se faço um minuto de silêncio pela dor passada, mas, graças ao bom Deus, isso faz parte do passado, e estou contando para você unicamente para dizer-lhe que, se “ainda não foi a sua vez”, persevere, porque “sua vez vai chegar”.
Se quiser comentar alguma experiência sua, se o que contei mexeu com você, ou mesmo se lhe aconteceu algo parecido, ficarei honrado em ler o que você escrever, ok?
Um grande abraço.
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Me emocionei lendo. Parabéns pelas palavras e entendo perfeitamente o que sentiu. Eu no seu lugar sentiria o mesmo e iria procurar a aprovação do meu pai.
É vero... Abs, e Obg por comentar.
Parabéns por não ter desistido! Eu também já disse essa frase "ainda não foi desta vez"...., porém, como vc disse, VAI chegar!