Hoje de manhã recebei a notÃcia: morreu alguém que cuidou de mim como a um filho, durante um perÃodo conturbado.
Era já uma senhora de seus 90 anos, por quem nutria grande carinho. Recentemente, coisa de um ano e pouco, estive visitando-a, e levei minha esposa para que se conhecessem. O carinho tornou-se, então, patrimônio familiar, dela e nosso.
Quando soube que ela havia sido internada na UTI, com a saúde bem debilitada, lembrei-me de um sonho há meses atrás, onde via uma árvore com alguns frutos maduros prontos para serem colhidos. Como não quero detalhar coisas que pertencem apenas à intimidade familiar, vou deter-me de mais relatos, em respeito à estranha dor que a morte carrega.
A morte é algo absurdo, ainda mais quando penso que Deus nos criou para a vida eterna, e a morte veio, literalmente, pedindo carona com o pecado, quando o capeta pediu atenção e Eva lhe deu bola. É… quem dá bola pro capeta, acaba arrumando pra cabeça.
Lembro-me, agora, de outra ocasião, quando morava lá no meio da selva amazônica. Bem, não chegava a tanto, era uma cidade, praticamente no meio da floresta, mas era uma cidade. Sou muito eclético: nasci no sertão, criei-me na selva de pedra (SP), e fui conhecer onde a onça bebe água. Mas, voltando: naquela cidadezinha, circunvizinhada por onças, pacas, antas e capivaras, certa vez, fui confrontado por alguém sem fé.
Talvez ela tivesse fé, não sei, todavia, que tipo de fé era, mas não era em Deus, não o Deus que eu creio, sigo e ao qual entreguei minha vida. Praticamente fui ridicularizado por causa de minha crença. Não fiquei com raiva, com mágoa, nem nada, talvez por estar acostumado a esse tipo de tratamento. Na verdade, fiquei com dó da pessoa.
Na ocasião, a pessoa, que bebia cerveja num quiosque, disparou contra mim: “eu ainda vou te ver aqui, do meu lado, bebendo comigo!”, ao que eu apenas respondi: “Veremos…”
Ela quase tomou minha resposta como afronta, como se, ironia, quem tivesse sido afrontada fosse ela. Passou.
No meu trabalho, tempos depois, vi uma das cenas mais chocantes que pude presenciar. Essa pessoa recebeu a notÃcia da morte de seu irmão, vÃtima de um acidente automobilÃstico. Ficou inconsolável e entrou em desespero, não querendo acreditar na triste notÃcia.
Suas carnes tremiam de forma incontrolada, em profunda convulsão, numa tentativa de externar a dor que a invadia por dentro. Ninguém que viu a cena ficou insensÃvel. Não houve palavras de conforto que pudessem ser ditas, e nem ouvidas… apenas uma dor sem tamanho, e sem remédio.
Muitas pessoas querem vender o evangelho como uma panacéia, fazendo propaganda de seus supostos benefÃcios terrenos, mas a principal vantagem do evangelho não é aquilo que usufruÃmos em vida, mas NA e APÓS a morte. E uma das coisas que diferenciam quem, de fato, entregou sua vida nas mãos furadas do Mestre é a forma como encara a morte.
Isso não a torna mais agradável ou bonita, mas a torna menos cruel, passa a ser uma mera viagem, ainda que seja por um túnel frio, escuro e sombrio, sabemos onde ele vai dar: nos braços do Rei. Recordo-me da frase de um pastor querido, também in memorian: “Já estou sentindo cheiro de Céu”. Para quem descansa nos fortes braços que carregaram a pesada Cruz, até a morte tem cheiro diferente.
A morte, pelos olhos de Deus, também é vista de forma solene:
Preciosa é à vista do SENHOR a morte dos seus santos.
Salmos 116:15
Hoje, em meio às incertezas que a morte nos traz, posso descansar na certeza que a morte de Jesus me trouxe: a vida eterna.
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