Filho meu, não desprezes a correção do Senhor. Hebreus 12:5

Existem poucas coisas que não gosto ou de que tenho aversão. Ser corrigido é uma delas.

Talvez seja por isso que, na maioria das vezes, procuro me “comportar” para não ser alvo de reprimendas ou correções. Até quando criança, evitava, até por questão de saúde, os corretivos. Muitos adultos, ao falar de suas experiências infantis, geralmente gostam de citar que brigaram tantas vezes, que eram temidos e tal.

Eu não posso me dar a esse luxo pois, além de ter brigado poucas vezes, há um número relevante e constrangedor de vezes em que apanhei que não me deixa falar disso sem que um sentimento desagradável logo aflore. Não que eu não gostasse de brigar, é que brigar não fazia muito meu estilo… medroso de ser. Sim, esse gigante da alma, o medo, já me atormentou muito durante minha infância e juventude.

Mas, não é sobre o medo que quero falar, embora tenhamos como elemento de transição, em nossa alma ,o medo de sermos corrigidos, repreendidos, chamados à atenção.

Quando o salmista fez esta embaraçosa declaração,

Foi bom para mim ter sido castigado, para que aprendesse os teus decretos. Salmos 119:71

ele não estava sendo masoquista, que é quem gosta de sofrer, de dor. Não, senhor. O que ele estava querendo dizer era que o castigo lhe trouxe algo de bom, mesmo não tendo sido bom ter que suportar o castigo.

Eu me lembro que, certa vez, li que o hoje grande campeão Schummie bateu na traseira de um caminhão, em uma rodovia. Quando ele se prontificou a pagar o prejuízo, dizendo quem era, o motorista se negou a ser indenizado, e disse que ainda iria colocar, com orgulho, uma placa com os dizeres: Schumacher bateu aqui!

A comparação não é das melhores, mas, basicamente, era o que Davi estava dizendo: “Jesus bateu aqui”. E era um motivo de orgulho para ele.

Nesta sociedade, que valoriza e excede-se em querer aceitação e satisfação, aliada a diversão, é difícil entender porque Davi estava agradecendo por ter sido corrigido. Mas, por experiência própria, eu sei do que Davi estava falando…

Eu já fui um aficcionado em motos, aquele veículo de 2 rodas que, segundo Jô Soares, foi projetado para cair: um dia ele vence você. Mas, aquela sensação de vento no rosto, de liberdade, aquelas propagandas Honda de que você seria mais feliz e satisfeito andando de moto, sabe? Pois é, esse era eu.

De fato, ser motoqueiro tem tudo isso mesmo, do vento no rosto, sensação de liberdade, etc. Tinha outras coisinhas também, tais como tomar banho de chuva (uhuuu  =o), passar em poça de esgoto, respingo de lama dos carros, fumaça e, claro, as quedas.

Teve uma noite que me peguei admirando a moto recém-comprada, bonita, nova, lançamento e tal, de um roxo metálico púrpura lindo (em 2006 era o must). Da admiração, quase beirou uma semi-idolatria. Pois você acredita que, poucos dias depois, não levei um baita tombo com ela? Ralei o joelho, quase me rasga a calça jeans, entortou o guidão e amassou o farol. Fiquei revoltado com Deus porque Ele me deixou cair e arranhar o objeto do meu desejo, que Ele havia me dado.

É assim que acontece: Deus nos dá e nós, ingratos, deixamos de olhar para Ele, o Doador das bênçãos, para ficar embevecido com as bênçãos do Doador.

Depois de uns dias, com a moto arrumada, mas ainda [um pouco] arranhada, com o joelho não doendo mais, entendi o que Deus quis me ensinar, e como Davi, pude dizer, embora na hora isso me fosse oculto: foi-me bom ter sido derrubado, para que aprendesse os teus decretos.

O apóstolo Paulo, muito tempo depois de Davi, também chegou a dizer algo semelhante (em sentido):

Desde agora ninguém me inquiete; porque trago no meu corpo as marcas do Senhor Jesus. Gálatas 6:17

Quem sabe, com o favor da licença poética, Paulo bem poderia ter dito:

Foi-me bom ter caído do cavalo…

Para mim, foi-me bom, embora doído, ter caído da moto.

E você, tem alguma marca em sua vida?

 

"O Senhor bateu aqui" e "por suas pisaduras, fomos sarados..."

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Wallace

Just another little servant of the Lord Jesus Christ. Apenas mais um pequeno servo do Senhor Jesus Cristo. Editor do blog Desafiando Limites (https://wallysou.com). Crítico do cristianismo evangélico da prosperidade e pensador cristão amador.

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