As prioridades evangelísticas estão corretas?

Nesta viagem pela capital da Bahia, deparei-me com situações interessantes. Tão interessantes que me dispus a escrever este post de um celular… teria sido bom se tivesse dado certo…

Visitei uma ilha próxima de Salvador/BA chamada ilha dos Frades. Lá conheci um artesão local por nome Márcio. Ele está afastado da igreja, segundo suas próprias palavras. Todavia, conhecendo melhor a vida do Márcio, ele disse que a pessoa responsável pela igreja visitava a ilha apenas 1 vez a cada 30 dias. Em minha opinião, não é o Márcio que está afastado da igreja, mas é a igreja que está afastada do Márcio.

Em Itaparica, um ilha paradisíaca da Baía de Todos os Santos, conheci o vendedor de camisetas típicas, o Isaías. Me chamou atenção seu nome, e ele mesmo confirmou: “é bíblico”. Então, enquanto comprava duas camisetas, conheci mais sobre ele: é casado, e tem dois filhos, sendo um rapaz e uma moça. Embora ele não seja crente, sua esposa e filhos frequentam as igrejas Deus é Amor, Batista e Salvação da Ilha.

No hotel, tive a oportunidade de testemunhar para o sr. Herivelton*, presenteando-o com um Novo Testamento de Os Gideões, o qual recebeu de muito bom grado, e sempre me olhava com simpatia e gratidão quando o cumprimentava, ao passar pelo hall do hotel.

Numa outra tentativa inusitada, ao sair do quarto do hotel, peguei outro NT e deixei um bilhete escrito: “Srª camareira, por favor me leve para sua casa”. Ao voltar, fim do dia, achei outro bilhete: “Srª, obrigada pelo presente. Ass. Regiane*”. Ela pensou que havia sido minha esposa quem deixou o presente… risos

Já no domingo pela manhã, dia do retorno, convalescendo de uma peripécia gastronômica mal-sucedida (ainda  estou  em dúvidas se foi a qualidade servida ou a quantidade ingerida…), dei uma volta na praia e fui à barraca do Seu Arnaldo, um vendedor de côcos de quem compramos várias vezes e procurei inteirar-me de sua história.

Seu Arnaldo fecha sua barraca, quando dá, após a meia-noite e, às 6h da matina já a está abrindo, sendo que, nesse intervalo reduzido, tem 4 conduções no meio, duas indo e duas voltando. Perguntei como ele suportava esse ritmo (lá no Nordeste se diz “como aguenta esse rojão”). Sua resposta não me surpreendeu pela veracidade, mas pela sinceridade: “não estudei, então tenho que me submeter a isso para sobreviver”.

Num lugar onde ele, apesar dos anos corridos, não tem nome, é só mais um vendedor de côco na praia, fiz questão de chamá-lo pelo nome e assiná-lo no Novo Testamento com que o presenteei. Pareceu-me, não sei se porque eu ainda não estava 100%, que ele ficou emocionado com o presente. Na verdade, não sei se foi o presente em si ou o fato de valorizá-lo como pessoa que o deixou tocado.

Esses fatos simples me levam a questionar se a igreja evangélica brasileira não deve rever seus conceitos de cruzadas caras e pomposas, gastos exorbitantes com programas evangélicos que, muitas vezes, trazem mais antipatia do que simpatia do público que deveria ser tocado por eles.

Iniciativas simples, porém eficazes, de evangelismo pessoal ainda são a saída para ganharmos nossa geração para Cristo. Precisamos nos conscientizar que nada, mas nada mesmo, substitui o testemunho de uma vida santificada e um caráter que reflete a índole de Cristo.

Outra coisa a ser colocada é que ofertar para um telepastor ou missionário não nos isenta de testemunharmos aquilo que o Senhor fez por nós e em nós, ou seja, devemos deixá-lo agir por nosso intermédio, fazer “por nós” também no meio em que estamos inseridos. Isso se chama frutificar onde estamos plantados, e foi para isso que fomos chamados.

E você, o que tem feito para fazer conhecido o nome de Cristo, que o salvou e chamou para ir e dar fruto?

*o nome pode ser outro parecido

Mais um post tentando criar reflexões úteis aos leitores, aqui no blog Desafiando Limites.

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