viver é um perigo diário, cheio de decepções

Se tem uma coisa que não combina – ou deveria combinar – com férias é decepção. Você aguarda esse período todo empolgado, contando os dias para poder viajar, passear ou, simplesmente, relaxar ou, ainda, isso tudo junto e, no meio do caminho, tinha uma pedra… um tropeço, um baque.

Em minhas recentes férias, inclusive por conta delas que o blog ficou sem atualizações pois eu estava offline, eu passei por uma situação que foi exemplo do que postei no título: Assaltado pela decepção.

Minha programação consistiu, entre outras coisas, visitar Foz do Iguaçu (PR) e mostrar as Cataratas a minha esposa, que apenas conhecia por fotos e conversas. E valeu a pena, foram momentos de rara beleza que guardarei na memória, tanto da cachola quanto do computador (risos). Vê-la brincando como criança no meio da passarela, semi-encoberta pela névoa das cachoeiras que, de cheias, vaporizavam todo o ambiente, não teve preço. Bem, teve preço sim… mas, não vem ao caso, claro.

=o)

Como já estávamos ali em Foz, a próxima parada era visitar e conhecer o destino de 10 entre 10 turistas em Foz do Iguaçu: fazer compras no Paraguai. Descobri que existe uma combinação de fatores que podem causar grandes turbulências quando ocorrem simultaneamente, a saber: mulher, compras e cartão de crédito. Essa junção de coisas deve ser uma das razões previstas para o fim do mundo, quando esses astros do consumismo estarão se alinhando em uma formação apocalíptica.

Mas, dou graças ao meu Deus que me deu uma esposa que não se deixa seduzir por essas coisas, pelo menos não na mesma desmedida que a média das mulheres de posse de um cartão plástico, que sempre reclamam de um limite inferior ao do que elas querem gastar, mas sempre superior ao do que podemos arcar. Triste dilema existencial esse.

Mas, a decepção não a envolve, antes a mim. Logo eu, que me julgava um quase expert em compras, escolado em várias experiências anteriores, muitas das quais bem-sucedidas e as de fracasso reutilizadas como “estudo de caso” e combustível para evitar novos insucessos. Sim, como ocorre com um número exorbitante de turistas brasileiros nas selvas consumistas do Paraguai, eu também fui ludibriado.

Não quero aqui relatar os detalhes, porque, além de constrangedores e capazes de me fazerem “pagar um tremendo mico”, esses detalhes apenas seriam objeto de curiosidade, mas não de edificação aos leitores. Dito isso, vou lhes dar umas breves dicas para o caso de alguém se dirigir às imediações da Ponte da Amizade e não quiser deixar algumas inimizades do lado de lá.

  1. o lado direito de quem vai, ou esquerdo de quem está lá, é foco de lojas que vendem produtos remanufaturados (produtos que estragaram e voltaram da assistência recondicionados), réplicas (famosos produtos piratas) e com preços abusivos. Desse lado, apenas o Shopping Nave (de eletro-eletrônicos, perfumaria e informática) e a Casa Americana, dentro do Shopping Americana, são, em tese, dignos de confiança;
  2. as lojas de proprietários árabes e paraguaios estão se utilizando de uma estratégia interessante e mortífera, pois contratam vendedores brasileiros para vender aos brasileiros, sendo mais fácil tapeá-los pela suposta afinidade patriótica, como aconteceu comigo. Mas, não se engane, descobri que dinheiro não tem nacionalidade, e se prostitui com uma facilidade ímpar, mudando de mãos sem que você se dê conta;
  3. do lado direito, de quem está lá, o Shopping Monalisa é referência em bons [e caríssimos] produtos de grife. É uma ilha da fantasia de excelência em meio ao caos de Ciudad del Leste. Até o sabão líquido do banheiro tem um perfume inebriante. Ouvi boas referências às lojas/shoppings Jebai e Lai Lai, além da loja Master10. E o Shopping del Leste, à cabeceira da ponte, tem boas lojas com preços convidativos.
  4. Além disso, o incauto turista brasileiro precisa saber de uma coisa básica: pesquisar preços. O Paraguai é diferente daqui, que estamos acostumados a pequenas variações de produtos iguais em lojas diferentes, e grandes variações em produtos similares. Lá, por incrível que pareça, podem existir variações de até 40-50% no mesmo produto, se comprados em lojas diferentes. Se for original (genuíno), é um negócio da China hora. Pesquise, e nunca compre na primeira loja que entrar.

Agora, a decepção que sofri me fez entender que o problema não estava no produto que comprei que, além de caro, não era genuíno. O mais doloroso foi descobrir que a falha estava em mim. Julgando-me esperto e sabido o suficiente, fui presa fácil dos mais espertos do que eu. A decepção, a princípio, nos cega, por não querermos enfrentar a realidade que somos falhos, e estamos em um contínuo processo de aperfeiçoamento que, invariavelmente, nos levará a sermos provados e testados. E, como não poderia deixar de ser, seremos reprovados em alguns deles. E, naquele teste no Paraguai, eu que me achava genuíno e íntegro, fui reprovado na terra dos piratas.

Sabe o que é pior? É não querer aceitar a derrota, o fracasso, enfrentar a realidade. Ficar se remoendo, se perguntando: onde foi que eu errei, logo eu? Como é difícil para nós enxergarmos nossos próprios erros, sabe qual a saída mais fácil? Acusar e jogar a culpa de nossos fracassos nos outros. Foi o que eu fiz. Descontei em quem não merecia, e ofendi a quem não tinha culpa. Fui um crápula, um cretino e um outro tipo de escória humana que não me vem à mente, agora. Mas, graças a Deus, depois pude ver meus erros, desculpar-me com quem errei e pedir a Deus que me desse paz.

Sabe qual foi a principal lição disso tudo?

Que Jesus veio para morrer por crápulas e cretinos como eu. Eu ofendi a Deus, e ainda O culpei pelos meus erros, por minhas atitudes que me trouxeram desgraça e infelicidade. Levantei meus punhos ao Céu e abri minha boca em blasfêmias ao Soberano do Universo. Eu pequei. Eu, que me tinha em tanta conta, não era nem mais nem menos do que todos os outros: também fui enganado pela serpente, e perdi meu posto ao lado do Rei, em Seu trono celeste.

E Jesus, ofendido por minhas culpas, desceu do Trono e veio morrer em meu lugar. É vergonhoso admitir que Alguém pagou pelas minhas faltas e sofreu pelas minhas culpas, mas Ele fez isso. É triste admitir, mas quando erramos e não admitimos nosso erro, quem primeiro sofre é quem está mais próximo de nós e, geralmente, é alguém que nos ama e a quem amamos.

Existe alguém que esteja mais próximo de nós e nos ame mais do que Deus?

Postou wally, depois de assaltado pela decepção, confrontado e confortado pela Graça, no Desafiando Limites.

Wallace

Just another little servant of the Lord Jesus Christ. Apenas mais um pequeno servo do Senhor Jesus Cristo. Editor do blog Desafiando Limites (https://wallysou.com). Crítico do cristianismo evangélico da prosperidade e pensador cristão amador.

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