Ontem estive, o dia todo, em um daqueles notórios “encontros de casais”.
Sim, era um encontro onde a maioria acha que é perda de tempo e, dependendo do caso, além da perda de tempo, é perda de dinheiro também. Mas, não foi o caso do de ontem. Além de reencontrar velhos amigos que, apesar de morarmos na mesma cidade, apenas em pontos diferentes dela, fazia uma data que não nos víamos, conheci pessoas novas. Nada de muito diferente do que deveria ser um encontro de casais em uma igreja evangélica, claro.
Todavia, uma das coisas que eu sempre dizia era que os encontros de casais tinham um Quê de mesmice e, numa análise superficial, cheguei a comentar que era estranho ver sempre [ou quase] os mesmos casais, sendo que a maioria deles era de casais que, aparentemente, não precisariam estar ali, já que viviam bem, pelo menos aos olhares externos.
Agora, fico a me perguntar: esses casais vivem bem por que:
- frequentam vários encontros de casais, e estão “afiando o machado” constantemente?
- vivem apenas de aparência e estão lá para tentar modificar um quadro deprimente e insustentável?
- estão deixando de curtir um feriado ou fim de semana prolongado por um lapso temporário de sensatez?
Sinceramente, excluindo, em CNTP, a opção 3 e, por lógica histórica, a opção 2, sobra a surpreendente opção 1. Eu me pergunto, sincera e francamente, por que aqueles que deveriam estar ali – os casais problemáticos – não estão? Será que essa pergunta reflete a realidade? Ou será que precisamos mudar a pergunta para entendermos a resposta?
É isso que fico me questionando: a resposta não “casa” com a pergunta, quando é feita para eventos desse tipo… mas, por que não sabemos entender a resposta que a realidade nos mostra?
Entendendo o caso
Talvez devamos mudar as premissas para compreendermos as respostas, e a primeira premissa que tenho é que são os casais que não precisariam ou não deveriam estar lá, ocupando o lugar dos problemáticos. Sabe por quê? Porque, até que me provem o contrário, TODOS os casais são problemáticos, mas que uns sabem disso e outros não. Os que sabem, vão aos encontros de casais em busca de ajuda. E isso, meu caro, faz toda a diferença para esses.
Lembro-me de que, certa vez, num desses encontros que, invariavelmente, culminam com um jantar romântico, uma das organizadoras me confidenciou que eles se dispuseram a pagar a inscrição de um casal “problemático” que alegou não ter condições de pagar. Dou um doce se você acertar se eles foram ao encontro… se disse que SIM, pode chupar o dedo, então.
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Não é triste isso? Quem mais precisa de remédio é quem despreza o antídoto que poderia salvar sua vida. É impressionante como, a cada vez que vou a um encontro desses, descubro bobagens e tolices que faço que não deveria fazer, ou então sou confrontado com a dura realidade de que coisinhas simples, básicas mesmo como dar flores, abrir a porta do carro, pedir “por favor” caíram na mesmice e perderam-se nas brumas do tempo.
Como posso ser tão tolo assim?
É verdade, eu não queria admitir, mas eu SOU um marido problemático. Tenho problemas de criação, onde vi e assimilei problemas de meus pais, tios e avós que não deveria copiar. Tenho problemas de seguir modelos errados, onde “amigos” me disseram que era o máximo ser machão e não dar o braço a torcer. Tenho problemas em copiar trejeitos de galãs de novela que agem motivados pelos altos investimentos de anunciantes que estão se lixando para o principal patrimônio de um casal: a felicidade. Tenho problemas em admirar os tom cruises, stallones, vandammes, willis e outros bam-bam-bans que só são heróis nas telas, mas vilões e derrotados nas 4 paredes do lar…
Meu Deus, como posso ser tão tolo em me deixar levar por essas coisas? Como posso me dar ao luxo de macular meu relacionamento, meu tesouro particular, minha própria vida, pervertendo a hierarquia das coisas, valorizando o que é desprezível e desprezando o que é valioso? Como posso cair nessa ratoeira como um patinho, se é que em ratoeira cabe pato, ignorando os apelos da Palavra que me diz: “este é o caminho, andai nele”?
Ainda que eu possa, um dia, me encaixar nas opções 2 e 3 acima, hoje estou enquadrado na opção 1, e quero estar enquadrado nela por muuuuuito tempo, até que a morte nos separe.
Quando criança, lembro-me que meus pais participaram de um “ECC – Encontro de Casais com Cristo” (se não me falha a memória, pois isso foi em meados do século XX ainda… risos). Eu não sei o que eles aprenderam naqueles dias porque, além de ficarmos separados deles, eu nem notei o tempo passar pois, juntos com os demais filhos, passei aqueles 3 dias correndo e brincando, brincando e correndo, fazendo apenas as pausas necessárias para comer e dormir que, apesar dos protestos dos infantes, eram inescapáveis.
Tenho muitas e variadas críticas à igreja católica, mas os antigos ECC’s eram verdadeiros oásis que refrigeravam casais, jovens e velhos, em meio ao deserto social em que viviam, trabalhavam e lutavam para sobreviver, e é com tristeza que não vejo tais encontros serem valorizados e frequentados com a mesma intensidade de 3 décadas atrás. Numa das pesquisas do blog, descobri que vários católicos frequentam este espaço, e peço a eles que questionem seus líderes sobre esse atual descaso com os bons e animados ECC’s de outrora.
Por experiência própria e alheia, sei que é muito, mas muito mais difícil reparar um relacionamento do que prevenir seus possíveis e previsíveis problemas, então, desde ontem, estou convencido que a melhor, mais barata e mais fácil solução para que a parte problemática do relacionamento não aflore é a PREVENÇÃO, e é nela que vou investir meu tempo e recursos.
Quando me dou conta de que a união de 2 pessoas com sentimentos e desejos tão diferentes e, muitas vezes, conflitantes é um verdadeiro caldo para a proliferação e reprodução das mais variadas mazelas e destemperos, caio de joelhos diante do Rei de toda a terra e suplico graça e misericórdia para continuar fiel e ser achado digno quando for convocado a sua sublime Presença.
Agora, já não encaro os “retiros e encontros de casais” como banais e repetitivos, mas como necessários “pit stops” ou “revisões obrigatórias” para troca de óleo, filtro de combustível, filtro de ar, amortecedores e regulagem do motor, para que este veículo chamado matrimônio possa andar ainda muitos quilômetros, mesmo que alguns estejam me dizendo que o modelo está ultrapassado e feio.
Não, eu não quero trocá-lo, obrigado. O mundo oferece uma mixaria pelo meu modelo atual, me cobra os tubos por um novo e reluzente modelo, gastador e que, nas entrelinhas do contrato, tem garantia bem limitada. E a taxa de juros cobrada, então, nem se fala… Pode ficar com o seu, Mundo, já que é tão bom, fique com ele, que eu fico com o meu. Não sei você, Mundo, mas eu serei feliz com o meu.
E você, como tem feito para fazer seu casamento “andar”? Ou será que ele já capotou e você saiu todo quebrado de um relacionamento anterior? Que deixar seu comentário?
Postou wally, descobrindo que a graça é o melhor lubrificante (graxa) para fazer girar com perfeição as engrenagens do veículo chamado matrimônio, aqui no Desafiando Limites.
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Blog Comments
Dsafon
2 de julho de 2013 at 14:30
Vale a pena investir mais de 2.000,00 reais para estar em um encontro de casais, durante 3 dias? Palestras com Pr. Josué Gonçalves, Douglas Gonçalves e terapeutas. Inclui Hotel com pensão completa. Acho muito caro, será que é um bom investimento ou melhor aguardar um outro mais barato? Obrigada pela atenção e parabéns pelo blog.
wallysou
2 de julho de 2013 at 14:48
olha… sinceramente? não sei.
vc teria que perguntar a quem foi em um desses (eu ainda não fui). e outra, fazer um comparativo de custo x benefício. para alguns, 2.000,00 é um valor que pode ser despendido sem causar grande impacto no orçamento familiar, enquanto para outros o valor pesa… vai depender de cada um.
todavia, existe farto material desses preletores em DVD, livros, etc. que podem ser proveitosos e com um custo bem mais razoável.
entretanto, nada supera o convívio pessoal de casais interagindo, trocando experiências pessoais, etc. mas, isso não quer dizer que somente nesse ou naquele evento vc vai usufruir disso. às vezes, em encontros bem mais simples, nós desfrutamos das melhores experiências e, em outros mais caros, não aproveitamos tanto…
mas, independente do evento que vc for, o resultado que vc vai atingir depende de sua atitude em relação ao evento em si: vá para aprender, com sede de melhorar, etc. agindo assim, com certeza, seja qual for o evento que vc participar, vai valer a pena, mesmo que seja na igreja da esquina, e o jantar seja com luz de vela comprada aos maços no supermercado. entendeu?
=)
abs, e obg pelo comentário.
Mateus
18 de março de 2013 at 18:14
Sempre que possível eu e minha esposa frequentamos encontros de casais. sim é preciso parar e dar uma "azeitada" no relacionamento, afinal, foi Deus quem me deu esta valiosa joia e a oportunidade de passar a vida toda ao seu lado. Este é o motivo pelo qual é de fundamental importância admitir que é necessário sim, cada dia melhorar. Hoje pela misericórdia de Deus estamos a frente do grupo de casais de nossa congregação e procuraremos proporcionar aos casais mais algumas oportunidades para aprimorarem o viver cristão em família. Deus o abençoe, belo post.
My recent post Nas Mãos de Deus
wallysou
19 de março de 2013 at 18:38
Obg por deixar seu feedback, Mateus. Recomendo que leia o post 7 coisas que não podem faltar no casamento. Abs
Cristiane
14 de outubro de 2012 at 16:33
Já participei de alguns encontros de casais e sempre é de mais valia para um relacionamento, sempre aprendemos mais… ;)
My recent post Dia das crianças
wallysou
14 de outubro de 2012 at 16:47
;)
Conselhos práticos para uma vida mais feliz - Desafiando Limites
24 de julho de 2012 at 00:10
[…] foi a inspiração primária. Inclusive, em um encontro de casais no qual participei, o preletor fez menção dessa estória e nos disse que ele mesmo aplicava isso […]
eneias de lima
13 de dezembro de 2011 at 11:10
encontro de casais,,,,,,,,,,,,,,,ocasião oportuna para uma boa revisão, pois a viagem é longa e não da pra viajar de forma irresponsavel
wallysou
29 de novembro de 1999 at 21:00
;o)
eliane
3 de julho de 2011 at 21:21
é muito complicado um relacionamento, as vezes fica parecendo que estamos lutando sós
quando na verdade deveria ser uma ajuda mútua. eu gostaria muito de participar de algum encontro de casal um dia,espero ter essa oportunidade.
acho m
uito importante o que foi mencionado, as pessoas perderam o interesse pela vida conjugal
wallysou
3 de julho de 2011 at 22:24
é verdade, Eliane, mas se vc puder, vá.
ajuda bastante, pode ter certeza.
outra coisa, as palestras em DVD do pr. Josué Gonçalves tb são muito edificantes, mas se vc não tiver como adquirir, acho q partes delas no youtube.
gde abço, apz.
Tweets that mention Encontro de casais: vale a pena? at Desafiando Limites e Vencendo Barreiras -- Topsy.com
16 de novembro de 2010 at 17:46
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