Desventuras em série: Diário de bordo

viajar, às vezes, sonho, às vezes, pesadelo...

Você gosta de viajar? Gosta de conhecer novos lugares, ou rever antigos? Então, convido-o a embarcar comigo nesta pequena odisséia contemporânea. Não, nada de mais vai acontecer, não com você. Nem comigo, porque, na verdade, já aconteceu! Bem, chega de lenga-lenga e vamos zarpar. Apertou os cintos?

Minhas viagens, quase todas, têm algo interessante a ser narrado, mas como eu quase nunca tinha interesse/vontade em registrá-las, boa parte das coisas (ou parte das coisas boas) se perdeu nos vaus (ou vãos, não sei) da memória, e se tornaram vaga lembrança, coisa da época quando os computadores brasileiros não possuíam memória, mas vaga lembrança. Se você nasceu neste século, não vai entender… paciência.

Minha viagem desse fim de ano (2010) foi quase uma repetição da do ano passado (2009): mesmo trajeto, mesmo destino final, mesma data festiva e (quase) a mesma tripulação. Os solavancos e altos e baixos curtidos naquela viagem se deveram muito mais à minha inexperiência em viagens longas e cansativas do que, propriamente, às condições adversas da rodovia. Mas, isso não quer dizer que a rodovia estava “tinindo“, não senhor, ela estava mesmo era “tremenda“, se é que você me entende.

A ida de 2010 só não foi melhor porque não pude usufruir da benesse de um GPS, coisa que em 2009 tive. Mas, isso também se revelou um fator interessante, pois se de um lado perdi em agilidade ao atravessar cidades, tive a grata (ou não!) surpresa de saber, via boca-a-boca mesmo, que deveria evitar uma ponte caída no trajeto original, coisa que o GPS não teria me alertado.

Na viagem de 2009 tive uma experiência interessante, pois deixei de abastecer em um local que, soube depois, tinha o combustível mais barato, esperando abastecer na próxima cidade. Ocorre que eu não sabia, exatamente, quantos quilômetros distava ela e meu tanque apresentava índices pouco recomendáveis para avançar sem enxergar um posto de abastecimento no horizonte.

Quando ele estava prestes a entrar na “reserva”, cheguei a uma ponte onde havia trabalhadores e perguntei quanto faltava para chegar lá. “Uns 100km”, me disse um deles. Olhei para o marcador do tanque e tremi, estava quase lá,, no “fundo do poço” e eu iria entrar bem ou numa fria (ou qualquer outra expressão semelhante), apesar do calor tórrido do meio-dia.

Naquele momento, me vi em meio ao [quase] nada, e que não passava carro algum que pudesse me socorrer. Ali tive que crer no Deus da multiplicação. E Ele multiplicou mesmo: rodei esses 100km (eram 100 mesmo!) com pouco mais que a reserva do tanque, que estava abastecido com álcool (!). Vi a mão de Deus ali. Ou tinha um anjo empurrando o carro ou o álcool fermentou e se reproduziu… pra nunca mais outra dessas.

Mas, a volta de 2010 é que me reservava surpresas. Mal sabia eu. Ou melhor, desconfiava. Em um culto no trabalho, em julho, o irmão que pregava me chamou e disse, entre outras coisas: “Deus está te livrando de um acidente, está te livrando de UTI e de tubos (de ser entubado, um delicado processo realizado em pacientes graves)”. Anotei num papel a data e a profecia, para conferir depois. Vai saber, não era a primeira vez que me diziam isso, e daquela vez, há quase 10 anos, foi por um triz que não bati (e morri).

Minha mente, ao se aproximar a data da viagem, me remeteu àquele rabisco no bolso, e temi. Mas, pensei: eu não sei quando vai ser, não sei onde e, se for nesta viagem, não vai adiantar querer fugir. Vou enfrentar a estrada, e confiar em Deus, não me resta outra alternativa. E fui, aliás, e fomos. Na ida, tirando a ponte caída, nada de mais (!). A surpresa estava na volta mesmo.

A partir de quase metade do caminho, enfrentei chuva na estrada, o que elevou meu nível de tensão, estresse, hormônios e adrenalina, tudo junto. Rodei quase 400km debaixo de chuva, ultrapassando e sendo ultrapassado, algumas vezes sem ver direito a estrada que, em alguns pontos, parecia saída de um filme de guerra, bombardeada sem dó ou piedade.

Algo que me chamou a atenção foi um sonho que tive na madrugada da viagem de retorno: eu me via em um posto de combustível onde o álcool era vendido a R$ 1,63/litro. Na ida, mesmo trajeto, não havia visto esse preço em posto algum. Mas, após abastecer o carro e tentar recarregar as energias, seguindo viagem, passamos por mais 2 cidades e, nessa segunda, vi esse valor em um posto. E foi nessa mesma cidade onde minha esposa me pediu para pararmos e comermos, pois a parada anterior não lhes possibilitou isso. Infelizmente, desprezei o pedido.

Espere, não me julgue mal (ainda): eu estava dirigindo a uns 1.000km, cansado, debaixo de chuva, havia acordado quase 12h antes, almoçado lanchado mal e ruim, e tinha que trabalhar no dia seguinte. Ou seja, estava feita a receita para um desastre. Não, espere! Ainda faltava um ingrediente: um local potencialmente perigoso, que faria esse conjunto de coisas reagir mal. E isso estava apenas alguns quilômetros a frente… um entroncamento mal sinalizado, mal localizado e mal projetado.

Ao se aproximar daquele fatídico local, querendo chegar logo em casa, apesar de ainda distante de casa uns bons 250km, não consegui identificar que a conversão era proibida e o acesso se dava por meio de uma “meia-lua” lateral, onde os carros ficavam aguardando sua vez. Assim, ignorei completamente aquele trecho e fiz a curva a esquerda ao ver que não vinham carros em sentido contrário. Estava tudo bem, até… até que ouvi o ruído estridente de pneus sendo travados e arrastados no asfalto, logo atrás de mim.

Naquele momento, por um instante, senti-me totalmente perdido, sem saber o que havia de errado, mas isso durou pouco, até sentir a lateral de meu carro sendo abalrroada por outro veículo, e eu ter que estacionar no acostamento da pista contrária. Ainda bem que o sentido contrário estava desimpedido, senão, provavelmente, eu não estaria aqui contando essa história ou você estaria lendo a narração feita por outra pessoa. #tenso

Só então ao parar o carro, me dei conta de que havia feito [mais] uma bobagem, mas essa teria consequências palpáveis, concretas e bem vi$ívei$. Passado o susto e descendo tremendo de minha desconfortável posição de motorista infrator, fui verificar os danos, graças a Deus menores do que seria de se esperar: apenas pequenos amassados e arranhões na lataria. O outro carro teve alguns danos semelhantes. Ninguém se feriu.

Bem em frente ao local da colisão estava a esposa de um pastor local, que viu tudo e veio ver se havia algo que podia ser feito para ajudar-nos. Estava chovendo, estávamos com fome, mas o susto ainda nublava essas sensações, de modo que rejeitamos qualquer auxílio.

Seu esposo chegou logo em seguida, e comentou que, por coisas que já haviam presenciado, foram apenas “arranhões” (nos carros). Dias antes, um casal também tentou fazer a mesma conversão proibida, mas logo atrás deles vinha uma carreta que os pegou em cheio… nem tiveram tempo de saber o que os atingiu. Morte instantânea. Era um local assassino e cruel, desprezado pelas autoridades e carrasco de muitas famílias.

De fato, nada sofremos, foi um grande livramento.

Acionei o seguro, dei as informações pertinentes, passei os dados ao rapaz que atingiu minha lateral, assumi a culpa e tudo ficou bem. Ao me despedir do rapaz e de sua namorada, pedi desculpas pelo ocorrido, por minha atitude estabanada que trouxe problemas a nós e eles. Já estavam mais calmos, disseram que acontece com qualquer um, que fazia parte, etc., então desejei-lhes um “Feliz Ano Novo“, já que era o segundo dia de janeiro de 2011. Riram e retribuíram os votos. Fazer o que…

Ao entrarmos no carro, oramos agradecendo a Deus pelo livramento. Demoramos um pouco até chegarmos em casa, pois eu estava dirigindo com [muito] mais cautela e baixa velocidade, como um ciclista que cai e rala o joelho, tendo receio de imprimir o mesmo ritmo de antes.

Hoje, analisando bem as coisas, vejo que a Mão de Deus me poupou de um destino mais trágico. Quem sabe se eu tivesse parado para lanchar, o acidente tivesse sido evitado? Quem sabe o sonho me alertava que deveria parar, e não que logo depois algo [terrível] iria acontecer? Não sei, sinceramente não sei. Só sei que foi assim, mas eu escapei.

Não vou dizer que a internet quase perdeu um blogueiro importante, mas confesso a vocês que me aturam escrevendo aqui que quase perderam um escritor amador, que gosta de escrever e que gosta de ler seus comentários às minhas bobagens publicadas. Eu iria sentir falta de vocês, se o Céu não fosse tão bom como a Bíblia diz que é, e  claro, devem ter coisas muito mais legais lá do que ficar fuçando a internet atrás de coisas pra passar o tempo (risos). Se você chegar ao Céu, verá que disse a Verdade.

Soli Deo gloria.

ps. algumas dificuldades de acesso à net estão em curso, mas espero que em breve tudo se resolva.

05/20
Wallace

Just another little servant of the Lord Jesus Christ. Apenas mais um pequeno servo do Senhor Jesus Cristo. Editor do blog Desafiando Limites (https://wallysou.com). Crítico do cristianismo evangélico da prosperidade e pensador cristão amador.

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  • Nossa! Que experiência! Entrei para ler sobre concursos mas, não resisti a ler esse post sobre o que aconteceu. Você (e sua esposa) são muito importantes e vê-se que o plano de vocês ainda não está completo. Que Deus os abençoe!
    Ah, já coloquei seu blog no meu bookmarks! Obrigada por escrevê-lo!
    Andrea

  • Meu Senhor....
    Aleluia!!!
    Tb tô #tensa, porém, aliviada! rsrs....
    Sua descrição deu pra eu ver nitidamente a cena...
    Jesus é bom!!!!

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Wallace

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