A tragédia de Realengo abriu uma ferida no coração da nação brasileira. Devido ao histórico pouco comum de acontecimentos dessa natureza, embora as tragédias no Rio de Janeiro tenham assumido proporções catastróficas no passado recente, ainda não sabemos analisar e avaliar o passado (porquê), presente (o quê) e o futuro (como será) de um ato sem classificação adequada no vocabulário social.
Sem entrar no mérito se o assassino era terrorista (islâmico), se foi TJ (testemunha de jeová) ou se era apenas perturbado mental, o fato é que o assassino Wellington Menezes de Oliveira apresenta um discurso, literal e totalmente, hipócrita, ao culpar os “covardes” por seu ato insano e covarde de atirar em adolescentes indefesos, enquanto se comprazia (ria) ao disparar suas armas contra vítimas que nada tinham a ver com sua história.
Em meio à dor de dezenas de famílias atingidas, direta ou indiretamente, pelos disparos de Wellington, e às inumeráveis vítimas que, mesmo sem serem alvo do bandido, nunca mais serão as mesmas, fico a refletir que tipo de situação estamos vendo e permitindo acontecer em nossas escolas, ruas, cidades e vidas.
Ainda me indigna o fato de pessoas que já deveriam ter sido banidas da vida pública, em vias de extinção, utilizarem-se da tragédia para ressuscitarem planos e projetos que servem apenas como pano de fundo para uma tentativa de mascarar os verdadeiros problemas que assolam nosso rico (em recursos naturais) e pobre (em recursos políticos) país. Envergonho-me da classe política que vejo e, talvez, até ajudei a eleger. Verdadeiros sanguessugas da nação, parasitando nosso suado dinheiro que é quase extorquido pelos impostos escorchantes que pagamos, e que são usados de forma sem-vergonha para saldar as mordomias de uma classe que não faz jus ao chão que pisa.
Oro para que o dia em que eu possa me orgulhar dos políticos brasileiros não seja uma utopia e um sonho distante.
Mas, em meio à tragédia, vejo a mão de Deus também.
Mateus Moraes, 13 anos, orou, pediu para não ser morto e ouviu do assassino dos colegas: ‘Fica tranquilo que não vou te matar’
Foto: Leo Ramos
Mateus Moraes conta que pediu a Deus e teve clemência do atirador
Mateus Moraes, 13 anos, foi talvez o único aluno que teve a clemência do atirador Wellington Menezes, na Escola Municipal Tasso Vieira, em Realengo. Enquanto o criminoso disparava, frio e impassível contra seus colegas, Mateus orava perto do quadro negro, sem ser incomodado, na sala 1801, no primeiro andar do prédio da escola.
“Eu estava em pé e era um dos mais nervosos. Pedi para ele não me matar, e ele disse: ‘Fica tranqüilo que não vou te matar.’ E não atirou em mim”, contou o menino.
Uma possível explicação, acredita Mateus, é o fato de que ele ficou o tempo todo orando. Fiel da Igreja Assembléia de Deus, o menino atribui a uma força superior o fato de ter saído vivo do ataque. “Deus me protegeu.”
O atirador andava calmamente pela sala, disparando contra as crianças, principalmente na cabeça e no tórax.
De acordo com a Polícia Militar, Wellington invadiu a instituição de ensino por volta das 8h e disparou contra alunos. A direção da escola informou que o homem – que era um ex-aluno – se passou por um palestrante para entrar na instituição de ensino. Ao chegar ao local, primeiro ele teria procurado uma professora que já tinha lhe dado aula no passado. Como não a encontrou, subiu para o primeiro andar, foi em duas salas do oitavo ano do Ensino Fundamental e efetuou disparos.
"Deus está no Trono, Nós estamos aos Seus pés, entre nós e Ele apenas a distância de um joelho"- Jim Elliot
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