Seguindo à risca a cartilha mofada e amarelada de políticos em vias de extinção, como o bigodudo do Maranhão, mas que responde pelo Amapá (entendeu? nem eu…), segue em curso mais uma tentativa de ressuscitar o plebiscito do desarmamento que levou um sonoro NÃO da população no comecinho dos anos 2000 (2/3 disseram NÃO). Embalado na onda da tragédia de Realengo, onde um celerado ceifou a vida e os sonhos de uma dúzia de vidas em formação, Sarney colocou na pauta do dia o projeto “Desarmamento – O Retorno”.
Pessoas assim, que não se cansam dos holofotes, seja quando são vitrine de escândalos ou seja quando querem fazer o papel de “aparício”, são figurinhas constantes do álbum político nacional, capazes de fazer muita coisa para levar adiante seus projetos, mas incapazes de agir de forma adequada em assuntos que fariam do Brasil um país melhor, como um combate mais efetivo contra a corrupção, por exemplo. Todavia, quando sua própria família figura em denúncias de corrupção, é de se esperar alguma atitude nesse sentido?
Para você que estava no mundo da lua em 2002 e não sabe do que estamos falando, estão querendo, este ano (2011), perguntar a você, caro cidadão, se é a favor ou contra o desarmamento da população. Os argumentos a favor do desarmamento são até lógicos e têm sua razão de ser e, em alguns casos, plenamente justificáveis, tais como acidentes domésticos com armas de fogo encontradas por crianças e jovens, gerando perda de vidas inocentes e tragédias familiares.
Entretanto, estatisticamente, já que o governo (de qualquer sigla ou filiação partidária) é pródigo em utilizar números a seu favor quando lhe são favoráveis, poderíamos perguntar quantas pessoas são vítimas de acidentes domésticos com armas de fogo para analisar o argumento de que desarmar a população visa, tão-somente, coibir e evitar essas tragédias. Pergunto isso por que as vítimas desses acidentes são menos importantes do as vítimas de outros tipos de acidentes? Não, não é isso. A questão é outra.
Se esses casos de acidentes domésticos com armas de fogo são estatisticamente “irrelevantes” do ponto de vista do universo da população, digamos 0,05% da população considerada, não se justificaria uma iniciativa que teria custos elevados e potencialmente perigosos para quem ficasse desarmado, ou você acredita mesmo que algum bandido, traficante ou similar vai querer entregar seu fuzil AR-15, pistola 9mm ou .40 ou granada de estimação fragmentação?
Mesmo que quisesse, não faria, pois seria preso no ato, já que são armas de uso restrito e qualquer pessoa de posse delas é presa imediatamente. Agora, se os bandidos tivessem revólveres usados e enferrujados calibre 22, 32, etc., acho que até devolveriam para dar espaço às suas armas semi-automáticas semi-novas…
Isso, os acidentes domésticos com armas de fogo, seria resolvido de outra forma, com ações localizadas e políticas públicas específicas e focalizadas se se quisesse REALMENTE resolver o problema, e não com um suposto desarmamento.
Você sabia que uma pessoa “normal”, hoje, praticamente não teria condições de possuir uma arma? Não estou falando nem de portar (andar com) uma arma, só adquirir (comprar) mesmo, ou seja, obter o registro da arma (uma espécie de certidão de nascimento ou cédula de identidade).
Entenda um pouco mais do que estamos falando:
O objetivo da campanha de desarmamento é manter nas mãos do Estado o monopólio da violência e da repressão e não dar o direito aos trabalhadores de se defenderem, principalmente contra seu maior inimigo, o Estado burguês, que é o principal gerador de violência. O plano do governo só serve para iludir o povo e dar uma sensação de tranqüilidade, como se o comércio de armas não fosse feito por contrabandistas. Ninguém vê bandido em loja comprando arma para assaltar. (grifo e comentário meu: quais as armas que os bandidos usam? Certamente não são aquelas que você e eu “podemos” comprar, não é verdade? Ou você pode comprar um AR15 ou uma 9mm na próxima esquina?)
Hoje em dia, para alguém ter uma arma de fogo registrada, necessita de pelo menos cinco documentos: atestado de antecedentes, exames psicológicos e psicotécnico, atestado de sanidade mental, declarações de vida, residência, trabalho. Enfim, quase nenhum trabalhador consegue. (comentário meu: mas pra bandido só uma coisa é necessária: $$. E AR15 é fabricado no Brasil? De onde vem e por onde chega? Desarmar a população e permitir traficantes armados até os dentes, mais até do que a polícia, resolverá o problema da violência?)
Fonte: Plebiscito sobre desarmamento é uma farsa (obs.: não concordo com tudo que o autor expõe, mas alguns dos argumentos são pertinentes sim).
Num país como o nosso, com polícia mal-aparelhada, mal remunerada, mal distribuída e mal gerenciada, onde o crime é organizado e a polícia é desorganizada e burocratizada, onde arrastões arrasam as praias e causam mais pavor entre os banhistas do que os tsunamis, onde vivemos presos em condomínios com grades e seguranças que mais se parecem com presídios de luxo, e os bandidos vivem com regalias em presídios que mais se assemelham a colônias de férias, para alguns, o desarmamento é uma piada de mau gosto e tem a aparência de uma peneira tapando (ou tentando tapar) o sol do meio-dia.
O que me motivou a escrever isso?
Quando da época do plebiscito do desarmamento, um coronel da Polícia Militar do estado onde morava foi convidado pelo meu pastor a dar esclarecimentos sobre a discussão do desarmamento em curso, e ele trouxe fatos preocupantes, que são basicamente os mesmos deste email que recebi há pouco:
Para que desarmamento?
Um pouco de história.
Um pouco de história para quem esqueceu ou nunca soube:
- Em 1929, a União Soviética desarmou a população ordeira. De 1929 a 1953, cerca de 20 milhões de dissidentes, impossibilitados de se defender, foram caçados e exterminados.
- Em 1911, a Turquia desarmou a população ordeira. De 1915 a 1917, um milhão e quinhentos mil armênios, impossibilitados de se defender, foram caçados e exterminados.
- Em 1938, a Alemanha desarmou a população ordeira. De 1939 a 1945, 12 milhões de judeus e outros “não arianos”, impossibilitados de se defender, foram caçados e exterminados.
- Em 1935, a China desarmou a população ordeira. De 1948 a 1952, 20 milhões de dissidentes políticos, impossibilitados de se defender, foram caçados e exterminados.
- Em 1964, a Guatemala desarmou a população ordeira. De 1964 a 1981, 100.000 índios maias, impossibilitados de se defender, foram caçados e exterminados.
- Em 1970, Uganda desarmou a população ordeira. De 1971 a 1979, 300.000 cristãos, impossibilitados de se defender, foram caçados e exterminados.
- Em 1956, o Camboja desarmou a população ordeira. De 1975 a 1977, um milhão de pessoas “instruídas”, impossibilitados de se defender, foram caçados e exterminados.
Efeito do desarmamento efetuado nos países acima no século XX: 56 milhões de mortos.
Com o recente desarmamento realizado na Inglaterra e no País de Gales, os crimes a mão armada cresceram 35% logo no primeiro ano após o desarmamento. Segundo o governo, houve 9.974 crimes com armas entre abril de 2001 e abril de 2002. No ano anterior, haviam sido 7.362 casos. Os assassinatos com armas de fogo registraram aumento de 32%. Segundo as Nações Unidas, Londres é considerada hoje a capital do crime na Europa.
Tudo isso é óbvio, pois marginais não obedecem às leis. Com o desarmamento, só gente honesta como você não poderá ter uma arma. “
Atenciosamente,
(autor preservado)
Voltei, desculpe a demora (papinho de teleatendimento de empresa de celular… risos), mas então, quero levantar uma questão que ainda não vi debatida em nenhum meio de comunicação:
A atual presidente Dilma se orgulha de ter feito parte da luta armada contra a Ditadura, bem como outros companheiros de seu partido e de seus tempos de militância armada contra a Ditadura. Ela se recusa a ser qualificada de “terrorista”, afirmando que batalhava pela democracia e etc. (sem entrar no mérito da questão), e possuir armas, para eles, na época, era ferramenta de trabalho em prol da liberdade. Por que criminalizar hoje o que era utilizado ontem com tanto ímpeto?
Agora, a pergunta JK (que não quer calar): Se o Governo (da época da Ditadura) propusesse uma campanha de desarmamento e um plebiscito (ou referendo, embora sendo Ditadura seria na base de Ato Institucional mesmo), o que diriam os valorosos combatentes da democracia? Se eles se utilizassem do argumento que era para coibir o aumento da violência, que era beeeeeeeeem menor do que hoje, pergunte a seus avôs para tirar a dúvida, o que eles diriam? Seriam a favor ou contra o desarmamento?
Só por que, agora, estão do lado de lá do poder, desarmamento pode? Por que o governo não propõe um desarmamento dos assaltantes de banco, dos traficantes, dos raptores e de outros meliantes e assemelhados?
[UPDATE] A iniciativa do desarmamento, lançada novamente pelo governo é só cortina de fumaça que não atinge o cerne do problema, pois desde o Estatuto do Desarmamento houve, na PRÁTICA, uma REDUÇÃO de 90% das armas comercializadas legalmente no país. De lá para cá, a violência aumentou ou diminuiu com esse violento decréscimo de vendas? O que vai lhe convencer de que a restrição a esses 10% restantes vai ajudar a diminuir a violência? Em que esse plebiscito vai ajudar a diminuir o comércio ilegal de armas? Entendeu que a solução apresentada é somente para maranhense inglês ver?
Caso queira replicar esse post em seu blog, favor manter os créditos ao blog Desafiando Limites.
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imagem do vídeo linkado no final do post Adaptação e tradução parcial: Wallace Sousa, blog…
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Muito bom, Wallace. Argumentos fortes e bem embasados, firmados em fatos e não em jargões e slogans politicamente corretos.
Parabéns e que Deus continue te usando.
opa, mano, tava sentindo falta de seus comentários por aqui.
gde abço,
Deus abençoe.
Wallace
Eu concordo plenamente com esta visão...
Sou absolutamente contra a questão do desarmamento devido a justamente todos estes argumentos.
Apesar de ser pró a não-violência, uma ação como esta do desarmamento é uma falácia e desculpa para quem quer realmente ver civis uma vez mais reféns.
att
Gostei... bastante polêmico.
Parabéns novamente!