Conservem-se livres do amor ao dinheiro e contentem-se com o que vocês têm, porque Deus mesmo disse: “Nunca o deixarei, nunca o abandonarei”. Hebreus 13:5
Este post é baseado no comercial de um novo carro, que você verá a seguir, o qual estarei logo após comentando e advertindo você dos perigos que a mÃdia o expõe. Não saia da poltrona, pois estaremos de volta logo após o plim-plim o término do vÃdeo, ok?
Voltei. Agora a pergunta que não quer calar: Por que esse comercial do lançamento da Renault é um exemplo de manipulação midiática?
Antes, um esclarecimento: eu nada tenho contra o carro, até compraria um se tivesse mânei, mas como sou mané nóis num have mânei, não dá… Então, minha crÃtica é contra o comercial em si e não o carro, pela forma como ele faz a propaganda embutindo sementes malignas em meio à s atraentes formas automotoras. Logo, a culpa do delito é da agência de propaganda e de quem aprovou o filme.
Para não dizer que sou radical e xiita, eu assisti e não achei nada de mais no comercial do novo Corolla, protagonizado pelos atores Wagner Moura e Selton Mello. Foi bem bolado e sem afrontar os princÃpios da ética judaico-cristã, além de enaltecer a amizade e companheirismo. Claro, em minha humilde opinião. Agora, o carro em si, sobre as mudanças [pura e simplesmente estéticas] feitas… se fosse pra mudar, por que não fazer uma mudança decente?
Mas, vamos ao que interessa.
Sementes malignas no spot
1. Inveja da situação do próximo
A inveja é um sentimento destruidor, cujo efeito fica bem patente no vÃdeo, naquele momento da bola de fogo. A BÃblia diz que “a inveja apodrece os ossos” (Pv 14.30). Não cultive esse sentimento autodestrutivo que é a inveja, pelo contrário, viva com contentamento, como bem diz o verso que abre esta reflexão. Quem já foi vÃtima de inveja sabe que ela nada tem de bom para ser propagada como virtude, ainda mais com apelo consumista.
2. Cobiça pelo bem do próximo
A cobiça seria a irmã-gêmea da inveja, tão destrutiva quanto. Para fins didáticos, eu classifico a inveja como subjetiva (eu não tenho algo e invejo quem tem) e a cobiça como objetiva (eu cobiço algo de alguém). Nesse sentido, o comercial incentiva a cobiçar aquilo que os outros têm, como se fosse algo proveitoso e admirável, o que sabemos, na prática, que não é. Basta lembrar do mandamento divino de “não cobiçar a mulher do próximo”. Você se sentiria bem se soubesse que havia alguém à espreita cobiçando seu cônjuge?
3. Insatisfação com nossa atual situação
Observe que não estou querendo incentivar o comodismo, muito pelo contrário, eu considero o comodismo como algo a ser combatido. Mas, a insatisfação que o comercial passa não é desse tipo, e sim a de viver insatisfeito com aquilo que já temos. Sabe a que isso nos leva? A cometer injustiças. Será que aquele carro que o invejoso explodiu já não lhe serviu antes? Já não lhe levou a vários lugares e o transportou com segurança e conforto? E outra: de quem é a culpa de um carro ficar sem combustÃvel? Do carro ou do dono?
Esse tipo de insatisfação nos leva a um crescente desejo de ter mais e mais, sufocando-nos em dÃvidas. Vou até me deter um pouco mais nisso, ilustrando com a frase de um terapeuta que atende uma colega de trabalho. Esse profissional comentou com ela que atende muitas pessoas, e ela foi a primeira a lhe dizer que estava satisfeita com o que ganhava. Aliás, bastante satisfeita. Detalhe: os que não estavam satisfeitos, muitos deles, ganhavam bem mais do que ela. Insatisfação gera ansiedade, e ansiedade gera gastrite, úlcera, depressão, desespero, câncer e até suicÃdio. Pense nisso.
4. Falta de gratidão com os atuais bens
Complementando o parágrafo anterior, o spot lança a semente da ingratidão nos corações desavisados, que vai brotar e frutificar as injustiças descritas. Quando eu falo de ingratidão, eu me lembro de Balaão, que espancou sua jumenta porque ela estava se desviando do anjo no caminho. Um livro interessante chamado Nos desertos da vida faz uma interessante leitura desse fato, supondo que a injustiça e ingratidão de Balaão foram tão grandes que Deus abriu sua boca. Então, a jumenta lhe perguntou: Tenho eu o costume de fazer isso com você?
Será que nós não estamos, também, agindo como Balaão, espancando quem sempre nos serviu só por que, de um momento para outro, age de modo estranho? Às vezes, essas coisas servem para salvar nossa pele, mas por estarmos contaminados e cegos pela cobiça, tal como ocorreu com Balaão, agimos de modo agressivo e irracional. Olhando por esse prisma, quem era o irracional da história: a jumenta ou o bobalhão Balaão?
Consequências diretas (pessoais) da absorção dessas idéias
- EgoÃsmo: as pessoas vão ficando cada vez mais apegadas ao que é seu e perdendo a sensibilidade com o sofrimento alheio;
- Inveja: as pessoas vão se tornando mais e mais hipócritas, desejando o mal para seu próximo, ao perceberem que ele possui o que elas almejam;
- Murmuração: ao não conseguir o objeto de sua cobiça [e inveja], o resultado será, inevitavelmente o da murmuração (reclamação amarga);
- Endividamento: o endividamento é o passo natural seguinte à inveja, visto que as coisas que são cobiçadas são, geralmente, aquelas
inúteiscaras e visadas por ladrões, agravando o cÃrculo vicioso.
Consequências indiretas (sociais) da absorção dessas idéias
- Endividamento familiar: o endividamento familiar assumiu proporções de atenção nacional, no qual as famÃlias brasileiras não estão sabendo lidar com isso, entrando de cabeça nessa armadilha e colocando a corda no pescoço, à s vezes, literalmente.
- Isolamento social: as famÃlias endividadas ou reféns dos cartões de crédito da vida acabam por se isolarem e perderem o senso de comunidade, de vida comum, com reflexos nos filhos e podendo estender-se à vida adulta;
- Materialismo evidente: a inveja associada à cobiça transforma as pessoas em meras máquinas de consumo, e coisifica o ser humano, reduzindo-o a um simples objeto descartável após o uso. Ser protagonista disso pode até ser prazeroso, mas ser a vÃtima é muito doloroso.
- Esfriamento espiritual: embora isso seja mais aplicado à vida cristã, eu considero isso um grande prejuÃzo, visto que uma vida cristã fria pode ser considerada um veÃculo sem combustÃvel (desculpe o trocadilho com o comercial ;o) e não leva ninguém a lugar algum.
O que fazer para não sucumbir a essa tentação
1. Contentar-se com o que tem. Não queira abraçar o mundo com as pernas nem colocar o chapéu onde sua mão não alcança (gosto de ditados populares que encerram grandes verdades). Viva sem luxo, mas deite sua cabeça no travesseiro sem preocupações. Eu posso lhe garantir, é muito (mas muito) melhor.
2. Não gaste mais do que você ganha. O segredo de viver bem não é, como pensam muitos, ganhar muito, mas sim saber gastar. E saber gastar ou gastar bem é gastar menos do que se ganha, poupar mais do que se quer e viver com menos do que deseja. DifÃcil? Sim, mas possÃvel. Para quem acha impossÃvel, recomendo pensar de novo.
3. Buscar entender a vontade de Deus. Muitas vezes, somos tentados a querer ter tudo o que nossos olhos veem, sem nos preocuparmos se poderemos honrar o compromisso e quanto isso vai nos custar não só em termos financeiros, mas também em olheiras e cabelos. Mas, e onde fica a vontade de Deus para nós? Ora, se ela é perfeita, boa e agradável, falta algo mais para sermos felizes e estarmos satisfeitos?
4. Desenvolver senso crÃtico. Isso é muito importante nos dias de hoje, quando somos bombardeados sem dó pelas agências de marketing, que querem nos convencer a qualquer custo a comprar o que não precisamos, por um preço que não podemos pagar, só para impressionar quem não nos dá a mÃnima (rá!). Pense bem antes de comprar, pois você não terá muito o que fazer depois que descobrir que não pode pagar.
Espero que o post lhe tenha sido útil, sinceramente, pois foi quase um parto concluir esse texto… e nem sei explicar o porquê. Coisas de quem vive teimando em querer desafiar seus limites.
Deus te abençoe.
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Blog Comments
Ovos de Páscoa: comprar ou não comprar? Eis a questão! - Desafiando at Desafiando Limites e Vencendo Barreiras
21 de fevereiro de 2013 at 10:59
[…] mÃdia adora manipular a sociedade. Muitas vezes, se não a maiorida delas, manipula E contamina. E a mÃdia venda uma idéia de que você PRECISA comprar ovos de chocolate para que sua vida seja […]
LUIS PRADO FILHO
12 de setembro de 2012 at 13:27
Excelente post. Conheci seu blog quando procurava dicas para concurso. A partir de então, sempre gosto de ler seus artigos. PAZ!.
Esses crentes lerdos e tolos! at Desafiando Limites e Vencendo Barreiras
31 de julho de 2011 at 08:17
[…] é ser detentor de um senso crÃtico acima da média, e isso representa uma verdadeira ameaça à manipulação massificada que a mÃdia emplaca na sociedade. É bem verdade que alguns crentes não fazem bom uso desse discernimento disponÃvel a todo […]
Helen Araujo
18 de junho de 2011 at 01:46
Devemos ter cuidado com a grande influência que a mídia exerce sobre as pessoas. O mais incrível é que os proprios crentes muitas vezes são vítimas disso, ou por ingênuidade ou por puro espirito cosumista mesmo.
Alan Capriles
17 de junho de 2011 at 15:07
Excelente artigo! E urgentemente necessário para nosso dias.
Acabo de conhecer seu blog e lamento não ter conhecido antes. Já o estou seguindo e agradeço por tê-lo como seguidor também em meu blog.
Aproveito para compartilhar uma breve pregação minha, na qual abordo esta questão de "contentar-se com o que tem": http://youtu.be/8CEPO7wtmzc
Um forte abraço,
na graça e paz de nosso amado Senhor Jesus!
wallysou
17 de junho de 2011 at 15:25
olá, amado.
o prazer é meu em tê-lo por aqui.
se desejar fazer uma parceria de banners, é só falar.
abs, apz.
Alan Capriles
17 de junho de 2011 at 15:59
Então, valeu, parceiro!
Agradeço pelo convite. Seu banner já está edificando meu blog. Confira quando puder.
Um abração e a paz!
wallysou
17 de junho de 2011 at 22:48
querido, o seu tb já está ativo.
confira.
abs, apz.