Por Antonio Cabrera
“Tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como para o Senhor e não para homens,” – Cl 3:23
No mundo das redes sociais que vivemos nos dias de hoje, nesta semana um recorde incrível foi batido: não apenas o número de curtidas (2,7 milhões) ou compartilhamentos (3,3 milhões), mas foi postado um vídeo no Facebook que, enquanto eu escrevo neste sábado, atingia a inacreditável marca de mais de 151 milhões de visualizações!
O feito foi da texana Candace Payne, mãe de duas crianças e fã de Star Wars.
Como muitos de nós adultos fazemos, ela entrou numa loja, que também vende brinquedos e depois de ter escolhido alguma coisa para seus filhos, resolveu comprar algo pra si, como um presente de aniversário.
Ela resolveu comprar uma máscara do Chewbacca, um personagem do filme “O Despertar da Força“, que é eletrônica e com vozes, ativadas conforme a criança abre a boca.
Na saída, já no interior de seu carro, ela gravou um vídeo espontâneo na qual ela alegremente vestiu a máscara do brinquedo.
Acontece que o resultado ficou tão engraçado que Candace não conseguia parar de rir. E quanto mais ela ria, mais a máscara fazia barulhos do Chewbacca e ela ria ainda mais!
Se você ainda não viu, veja e ria um pouco (ou muito): ele está aqui, no Facebook.
Quando assisti o vídeo, lembrei-me de C.S. Lewis: “A alegria é a parte séria do Céu.” Sim, viver a vida do jeito de Deus é aprender a viver contente. A sua alegria contagiosa viralizou por toda a internet e a “Chewbacca Mom” se tornou uma Super Star.
Dois dias depois ela foi entrevistada, dentre vários, em um dos maiores programas de audiência da TV americana e deu uma declaração explosiva:
“Não importa o quão talentoso, quão ungido, quão dotado, quão apaixonado, ou quão disposta você está se você não está apto a fazer as coisas que Deus o chamou para fazer.”
Bingo!
A declaração desta alegre mamãe, que tem um cargo de líder de adoração em sua igreja, resgata uma lição esquecida da vocação cristã, uma das mais preciosas heranças da Reforma Protestante.
A palavra “beruf” ou “vocação” tem uma conotação religiosa, no sentido de um plano de vida. Originou-se nas traduções da Bíblia, da mentalidade do tradutor e não do texto original e apareceu pela primeira vez em uma tradução de Lutero (I Co 7:20) e depois adquiriu seu significado atual na linguagem cotidiana.
Nenhum povo, nem a Antiguidade Clássica conheceu um termo equivalente a “vocação”.
A Reforma mudou a forma de olhar o mundo, que embora decaído, continua a ser uma bênção para a vida do homem. Na realidade, deu o verdadeiro valor ao trabalho exaltando o cumprimento do dever dentro das profissões seculares.
Lutero declarou que “o fazendeiro removendo esterco, a criada tirando leite da vaca agradam a Deus na mesma intensidade que o pastor que prega ou ora, se todos estiverem fazendo seu trabalho fielmente.”
Deus quer que apliquemos os padrões cristãos em todos os lugares, de todas as maneiras. Espiritualidade não significa que temos que nos retirar da vida; significa domínio e o dever de estar envolvidos na vida com alegria.
Quando desempenhamos nossas vocações fielmente, através do nosso trabalho os nus são vestidos, os famintos são alimentados, os doentes curados. Através do nosso trabalho louvamos ao nosso Criador e amamos nosso próximo.
É a ideia de que as habilidades humanas, como música, comércio, estudo ou como a simples gravação de um vídeo deveriam ser percebidas como dádiva divina e por isso incentivadas e espalhadas por toda a sociedade através do prazeroso trabalho diário.
Dos muitos legados da Reforma Protestante, poucos tiveram impacto maior e mais abrangente do que a redescoberta da compreensão bíblica sobre a vocação.
Antes da Reforma, as únicas pessoas com vocação ou chamado eram as que estavam envolvidas com o trabalho da igreja em tempo integral: monges, freiras ou padres.
A pergunta mais importante não é qual a sua vocação?
Mas sim, como você está desempenhando a sua vocação no seu dia a dia.
Afinal, o modo como você se porta no trabalho ou nos seus afazeres tem muito a dizer sobre a sua fé.
Texto de Antonio Cabrera, enviado via email.
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