Uma fraude chamada fundação cacique cobra coral

Amados, após a ressaca dos desabamentos e mortes no Rio de Janeiro, que deixou de ser uma cidade linda e maravilhosa, para se tornar uma cidade alagada e lodosa, resolvi quebrar a inércia e escrever um post sobre essa excrecência que é o convênio entre a FCCC e a prefeitura do Rio.

Antes de tecer alguns comentários sobre a escabrosa e desastrosa relação entre a fundação e o Rio, recomendo a leitura de dois posts (este e este daqui) destes dois ecologistas fluminenses, o Breno e o Luiz, do blog “Scienceblogs”. Vale a leitura, e a argumentação é digna de mentes capazes de lidar com a caneta, ou o teclado.

Como eles se ativeram às questões mais técnicas do caso, vou explorar outros aspectos, que, muitas vezes, passam despercebidos pela maioria das pessoas.

Inicialmente, vamos considerar que a FCCC diz a verdade e pode, de fato, fazer aquilo que diz fazer: prevenir chuvas e derivados, como enchentes, deslizamentos, etc.

Bem, no reveillon 2009/2010, no Rio, ocorreu a primeira cena da tragédia carioca: os deslizamentos onde dezenas de pessoas morreram, inclusive vários turistas. Não, não foi uma tragédia grega, foi bem brasileira mesmo. Assistimos, estupefatos, relatos tristes de pessoas que perderam quase tudo, e de outras que perderam tudo e mais um pouco: entes queridos, que jamais voltarão.

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, deve achar que a FCCC detém algum poder, visto que renovou o convênio. Pois bem, se eles podem, e não fazem, por que seria?

No mínimo, perversos e cruéis, para deixarem dezenas de pessoas morrerem, tendo o poder de evitar a tragédia. E ainda posam de falsa modéstia, alegando que “não foram acionados”. Negligência no socorro a vítimas não é crime? Quer dizer, são poderosos mas não oniscientes? São poderosos, mas precisam da anuência das autoridade terrenas para trabalhar no céu? Me economize, por favor. Querer ganhar crédito em cima da tragédia alheia é pior do que ser inerte quando deveria ter agido tempestivamente.

Agora, digamos que a FCCC seja um embuste. Ou seja, não faz o que diz, nem cumpre o que promete. Obviamente, nem é preciso comentar muito, pois, de charlatanismo, o Brasil está cheio, e enfadado também.

Logo, chegamos à seguinte conclusão: se a FCCC tem, realmente esse poder, não deve ser contratada, pois deixa a desejar em fazer aquilo que ela pode. Se ela não tem esse poder, deixa a desejar pois não fará aquilo que diz ser capaz de fazer, e não merece ser contratada. Em suma, gestor público, não contrate a FCCC, pois ela vai te deixar com o píres na mão, ou com a bacia na goteira, se preferir.

Agora, a pergunta mais cabulosa: Por que um gestor público, mesmo com o argumento de convênio sem ônus (de graça), contrata uma fundação dessas?

1. tem relações incestuosas com o submundo espiritual;
2. tem assessores envolvidos com o submundo espiritual;
3. tem assessores incompetentes, que não sabem fazer um “Ó” com uma xícara;
4. é um iludido, que pensa que pode deixar de fazer o que é certo porque está fazendo o que é duvidoso;
5. todas as opções anteriores;
6. nenhuma das anteriores, o caso não tem explicação, é uma total aberração.

Entretanto, por que uma fundação, que deve ter gastos variáveis e fixos com funcionários, aluguel, água (bom, água não deve ser problema para ela…), luz, combustíveis, etc., assina convênios de graça? Para ganhar o quê? Visibilidade? Marketing? Para ser contratada por outras prefeituras e/ou governos estaduais, novamente, sem custo? Não é estranho isso?

Agora você pode perceber o mal contido nas propagandas novelísticas da rede globo a favor desse tipo de relacionamento nada espirituoso, que entorpece o entendimento da população, que não vê nenhum problema nessas situações do arco da velha.

A FCCC é mais um representante da fauna predatória que explora nosso rico habitat de vítimas do conto do vigário. Infelizmente, tanto uns como outros estão em franca expansão, longe da extinção. Minha única alegria é que, no Céu, para onde vou, não existem espécimes desse tipo, que são restritos apenas ao ambiente terreno mesmo.

Mas, justiça seja feita: a FCCC é uma fundação de respeito: afundou mesmo o Rio debaixo d’água. É, com Deus não se brinca…