A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei. Romanos 13:8 (grifo acrescido)
O endividamento no Brasil tem subido de forma constante e preocupante, em parte pelo aumento de renda per capita, ou seja, elevação do poder de compra, e também pela abusiva taxa de juros abundante oferta de crédito ao consumidor, iludindo-o com suaves prestações à beira do precipício do endividamento gradual e contínuo. Outro fator a ser pesado é a estabilidade econômica que, aos acostumados à inflação quase diária que vivíamos (isso lá no séc. XX), perderam a noção de valor e precificação e caíram de cabeça nas “prestações iguais e sem juros”, vulgo parcelar no cartão de crédito.
Minha relação com as dívidas e contas é no estilo sertanejo: “entre tapas e beijos“. Conta no meu cartão de crédito parece mulher safada bumerangue: eu mando embora, mas ela teima em voltar. Como vivi na época da cultura inflacionária, ao entrar na nova situação econômica pós- URV e Plano Real, acabei sucumbindo à tentação das dívidas no cartão de crédito e, entre altos e baixos, sempre fiquei no prejuízo ou perdendo noites de sono mas, em contrapartida, ganhando rugas e cabelos brancos.
Uma coisa que muitos ignoram é que estabilidade financeira não é o mesmo que ganhar muito, pelo contrário. Estabilidade financeira é, até que me provem o contrário, você conseguir equacionar suas finanças de modo que aquilo que você gasta seja inferior ao que você ganha. Outro dia vi uma frase que afirmava que riqueza era você poder pagar sempre mais do que sua mulher tem capacidade de gastar… #impossível
Agora, vamos ao que interessa: Conselhos úteis para se evitar o endividamento (falo como quem tem experiência no assunto… risos)
1. Não ao Deslumbramento
Você já ouviu aquele ditado: “quem nunca comeu mel, quando come se lambuza”? Pois é, pois foi… só sei que foi assim. Comi, me lambuzei e vomitei. Quando você está acostumado a ganhar pouco e, de repente, seu contra-cheque assume proporções nunca antes vistas na história deste país inéditas em sua breve história de vida, você ficar meio perdido e sem saber o que fazer com aqueles cifrões.
Isso até o dia em que você achar um vendedor, daqueles bem versados em técnicas de marketing, para lhe vender algo que você não precisa, por um preço que não vale e que você não pode pagar, para impressionar a quem não está nem aí pra você. Ou seja, perdeu playboy, passa a grana!
Agora, fofo, lindo e cabeça-dura, abra bem os ouvidos e olhos para o que vou lhe dizer: só porque você ganha bem, não quer dizer que você pode sair comprando e gastando seu suado dinheirinho com toda buginganga que lhe passar pela frente. Valorize seu dinheiro, senão outros vão fazê-lo por você, não tenha dúvidas disso.
2. Não à Credulidade
Deixe-me contar um segredinho a você: o vendedor (genericamente falando) tem cota para cumprir, meta para bater então, não se iluda com aquele papo que ele está procurando o melhor pra você. Ele precisa (ou quer) aquela comissão que acrescenta ao seu parco salário, quem sabe para colocar o leite e o pão em casa, e é explorado incentivado pelo supervisor a atingir sua meta, senão poderá ser mandado pro olho da rua convidado a sair. Não tenha dúvidas, se para cumprir seu alvo ele tiver que engabelar você, ele fará isso, talvez com peso na consciência, mas fará.
Então, meu caro leitor, sempre que ouvir aquela conversa mole que ele está procurando o que é melhor para você, deixe o desconfiômetro ligado no máximo, porque nada do que ele diz é real até que você possa comprovar sem recorrer à ajuda dele. Vendedor é treinado para fazer uma coisa: vender. Se você é o (potencial) comprador, você é a presa, o ganha-pão dele, e ele fará o que estiver ao alcance – ou até fora do alcance! – para não deixar você escapar.
No final das contas, o que está em jogo é o dinheiro: enquanto estiver com você, é o prêmio dele, depois que passar para as mãos dele, é só mais uma venda fechada, só mais um número no relatório de vendas no fim do mês. Entendeu ou quer que eu desenhe?
Observação: existem bons vendedores? Sim, existem, mas por conta das políticas de vendas e metas desumanas, estão entrando em extinção e, na maioria dos casos, até mudando de ramo, por não suportarem a crise de consciência de enganarem trouxas compradores vendendo “gato por lebre“. Fique esperto, principalmente com os que se dizem “honestos e íntegros”. Infelizmente, essa é a dura realidade dos dias de hoje: a amizade nos negócios naufragou.
3. Não à Prodigalidade
A Bíblia tem um verso que diz: Muitos adulam o governante, e todos são amigos de quem dá presentes. Provérbios 19:6. Você já deve saber, mas não custa lembrar que amizade sincera e verdadeira não se compra com presentes e dinheiro. Você pode até receber um presente de um amigo, mas não pode comprar um amigo com presentes. Além disso, caso ainda não saiba, seus recursos são finitos e não vão ser suficientes para presentear a todos. Quer ouvir uma estória bem bacana?
Era uma vez (só pra deixar a coisa saudosista… risos), um vaidoso e orgulhoso filho de um rico empresário. Vivia gastando à vontade e tinha muitos amigos que lhe acompanhavam nas festas. Um dia, seu idoso pai o chamou e lhe disse: filho, estou velho e não vou durar muito. Sei que, após minha morte, você vai levar às empresas à falência e perder tudo o que conquistei. Então, quero lhe fazer um pedido: em nossa propriedade, deixei montado um pequeno galpão com uma forca. Quando você perder tudo, ma faça um favor: vá até lá e enforque-se nela. O filho ficou abismado mas, para não contrariar o pai, nada questionou e disse que, se levasse as empresas à falência, faria o que seu velho pai lhe pediu.
Passou o tempo, seu pai morreu e ele assumiu tudo. Continuou vivendo de forma perdulária e, como seu pai previra, acabou com seu patrimônio, perdendo tudo. Num dia, tomado pelo remorso e pela decepção da perda dos “amigos”, rumou ao lugar onde seu pai havia preparado a forca. Em frente à forca, lembrou das palavras de seu pai, e começou a pensar em como havia desperdiçado sua vida. Ao colocar a corda em seu pescoço, falou em voz alta: “como fui um tolo! se ao menos eu pudesse começar tudo de novo…”. Então, com a corda no pescoço, saltou para a morte.
Mas, com o peso de seu corpo a forca, que era oca, partiu-se. E, dentro dela, havia uma grande quantidade de jóias e diamantes, uma fortuna quase tão grande como aquela que ele havia desperdiçado, e um bilhete de seu pai que dizia: “aproveite bem esta segunda chance, meu filho! Eu te amo. Papai”.
Talvez você não tenha uma segunda chance, então aproveite bem a que você tem agora.
4. Não à Permissividade
Já ouvi várias pessoas falarem “se eu posso e quero, por que não comprar uma bolsa de grife de R$ 2.000,00?”, você também já ouviu isso? Aliás, você também pensa assim? Mas, qual seria o problema desse tipo de pensamento e atitude? Só um momento que vou explicar as implicações sociais desse tipo de comportamento, que acabam afetando não só a nível individual, mas também coletivo. Exploremos um pouco esse inóspito tema.
Você já parou para pensar que ao comprar aquela bolsa dos pesadelos sonhos de R$ 2.000,00 ou aquele celular de grife de R$ 2.500,00 pode estar alimentando uma indústria paralela que vive do sofrimento humano, e que se utiliza das mais variadas e escusas atividades para auferir o máximo de lucro, sem sequer se importar com a vida ou o futuro de inocentes. Ao gastar sem critérios e sem escrúpulos, você pode estar – sem saber – financiando escravidão de trabalhadores e mulheres, tráfico de drogas e armas.
Mas, agora você já sabe, e não tem mais desculpas para usar a famosa desculpa “se eu posso e quero, por que não“, não é mesmo? Todavia, se você quiser seguir assim, seu coração será gradualmente dessensibilizado pela cobiça, transformando-o (ou -a) em uma pessoa de caráter supérfluo e vivendo uma vida sem sentido, mesmo estando bem vestido.
5. Sim à Solidariedade
Quer evitar dívidas? Envolva-se em causas sociais, onde você possa ajudar pessoas carentes e necessitadas, tais como órfãos, idosos, pessoas com câncer, etc. Procure saber de instituições que atuem em áreas de grande necessidade social, tal como a Visão Mundial, e apadrinhe uma criança, mudando seu futuro. Falo com experiência, é muito gratificante. Mas você ainda pode visitar creches, asilos e instituições realmente filantrópicas e beneficentes, em sua própria cidade. Você pode, ainda, adotar um cãozinho ou um gatinho. Recomendo.
O que isso lhe trará de bom? Senso de responsabilidade com seu suado (o meu é) dinheirinho e lhe ensinará que nem tudo que é caro tem valor, e nem tudo que é barato (ou de graça) não tem valor. O valor verdadeiro de algo não está no preço da etiqueta. Uma pessoa esnobe pode ganhar um casaco de couro caríssimo e não lhe dar valor algum, mas um morador de rua, ao ganhar uma blusa usada, pode lhe retribuir com um sorriso que não tem preço.
Neste exato momento, ao escrever isto, estou me sentindo muito realizado, e quero compartilhar com você este sentimento, e espero que você também possa ser tocado por ele, mudando seu modo de pensar e agir, mudar para melhor.
6. Sim ao Bom-senso
Bom senso é aquela coisa que todo mundo precisa, mas poucos têm. E faz falta justamente quando mais precisamos dele. Como é um artigo escasso, e já que eu tenho pouco para que pudesse compartilhar, vou ensinar onde achar, pois não posso me desfazer do pouco que possuo – a duras penas, diga-se de passagem. E por ser um post voltado a educação financeira, vou dar dicas de como cultivar bom senso, para que você tenha quando precisar, nem que seja para um chá (risos).
O bom senso voltado à área financeira pode ser conseguido seguindo estes simples passos:
- capacidade de pagamento: apesar de as pessoas acharem que a necessidade vem em primeiro lugar, a capacidade de você poder pagar aquilo que adquirir é mais importante. Principalmente para reservar recursos para aqueles momentos difíceis em que surgir um gasto imprevisto e inadiável. E eles gostam de aparecer justo quando você menos espera e pode arcar com o prejuízo, batida por exemplo… Outra coisa, possibilidade de parcelamento não significa capacidade de pagamento!
- necessidade imperiosa: se você foi um bom aluno e completou a lição anterior com êxito, sem hesitar, pode se dar ao luxo de chegar a este ponto com alguma folga. Se conseguiu, parabéns e alegre-se, pois estimo que 90% das pessoas (principalmente as que não leem o blog Desafiando Limites, risos) não têm esse privilégio. Mas, se esse não é o seu caso, não se desespere pois você está no lugar certo, e pode encontrar uma luz no fim desse escuro túnel;
- conveniência da situação: às vezes, você se depara com uma oferta de ocasião, e é algo a se pensar, mas pense primeiro se você REALMENTE precisa comprar aquilo, senão será mais um elefante branco em sua casa, ocupando espaço em sua casa e deixando buracos em seu bolso. Aprendi, com minha esposa, que ir com frequência ao supermercado faz você sempre comprar mais coisas do que precisa e até supérfluas, somente “para aproveitar as promoções“. Programe-se para não cair nas
tentaçõespromoções-relâmpago, porque esse raio teima em cair no mesmo lugar, e geralmente é o lugar que você frequenta com o cartão de crédito dando sopa. - oportunidade da ocasião: se você está com orçamento equilibrado, não está com a corda no pescoço nem vendendo o almoço para comprar a janta, e apareceu aquela oportunidade que você vinha aguardando há tempos, é hora de aproveitar. Afinal, o dinheiro é um ótimo empregado, mas um péssimo patrão, portanto faça-o trabalhar para você, mas nunca trabalhe para ele. Todavia, ainda lhe cabe perguntar-se: preciso, de fato, comprar isso ou quero apenas satisfazer um desejo pessoal? Você ainda pode estar sendo
enganadoconvencido pelo vendedor a efetivar uma compra da qual se arrependerá depois.
Conclusão
Quando você segue esses passos de forma consciente e sensata, você vai descobrir que ganhará algo que não se acha em prateleiras nem tem preço: a tranquilidade de poder colocar a cabeça no travesseiro sem ficar pensando nas contas demais e no dinheiro de menos. Inclusive, você também escapará da armadilha recente do “até que as dívidas nos separem”.
No meu caso, vivi uma relação de amor & ódio com as dívidas, mas a graça de Deus me cobriu e Sua misericórdia me alcançou. Em outro post pretendo contar como foi que consegui sair desse cativeiro chamado “dívidas”. Se você deseja ler essa história em breve, deixe seu comentário ou vote na pesquisa do blog sobre qual assunto lhe desperta interesse imediato.
E você, como faz para não cair no cativeiro das dívidas? Concorda com o que foi escrito ou discorda? Ou tem algo a acrescentar? Comente!
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Blog Comments
Como a mídia manipula – e contamina – a sociedade at Desafiando Limites e Vencendo Barreiras
14 de junho de 2011 at 19:31
[…] familiar: oendividamento familiar assumiu proporções de atenção nacional, no qual as famílias brasileiras não estão sabendo […]
Samuel
2 de maio de 2011 at 23:56
Olá wallace, gostei muito do seu texto até me identifiquei muito com ele, não pq eu passo por essas dificuldades mais sim os meus pais que gastaram até o limite por conta de vaidades queria ajuda-los mais não posso fazer nada, larguei tudo para estudar pra concurso, se Deus quiser vou passar logo e dar mais tranquilidade a vida deles.
O seu texto é excelente e trata com muita sabedoria a nossa relação com as dívidas, acredito que esse texto ajudara muita gente, acho que não precisa acrescentar mais nada esta ótimo assim, muito sábio.
A sim, eu vou votar aqui para aproveitar o comentário, você poderia falar da história de como você se casou, eu acho que esse assunto é muito interessante, pois o casamento é segunda decisão mais importante da nossa vida, sendo a primeira Jesus é claro, então é isso ai fuiz :D.
Que Deus te abençoe muitão.
wallysou
3 de maio de 2011 at 00:19
eae, Samuca, blz?
vou considerar um voto nesse tema… rs
obg por vir comentar, mano.
ps. tem problema te chamar de Samuca? se tiver, eu corrijo…
=o)