Caros colegas concurseiros, é um prazer dirigir-me novamente a vocês, trazendo-lhes reflexões sobre como vencer nessa dura vida de provas. Um dia desses pela manhã, durante meu momento devocional, li alguns versos do 1º capítulo do evangelho de João, e comecei a refletir nesse verso que inspirou o título desta nossa conversa, e pude perceber interessantes lições aplicáveis à tarefa de enfrentar as duras provas da vida, e das bancas também. É possível que este texto não seja útil para a maioria dos leitores, tenho consciência disso, todavia se for útil para alguém, já compensou o esforço.
Observando minha própria história de concursos, principalmente os reveses, vejo com clareza que esses foram um resultado lógico e previsível de uma profunda ignorância acerca da banca e de seu modus operandi. Pode até ser que eu seja (ou tenha sido) um ser alienado ou alienígena nesse sentido, mas é fato que desconhecer a banca é o 1º passo pro fracasso em concursos e o início de uma profícua parceria com a farmácia em fornecimento de doril, sonrisal e sal de frutas… ou você duvida que não foi um concurseiro recalcitrante que inventou aquela frase “ai, meus sais”, depois de conferir um gabarito? =o)
Ok, ok, chega de ficar relembrando as mazelas do passado, porque a azia volta em dobro. Estamos aqui confabulando como vencer essa batalha contra as bancas, conquistando nosso sonhado lugar ao DOU, e o momento é altamente estratégico e oportuno. Acabou de sair do forno o edital da RFB com um salário inicial pra lá de atrativo, de um dos cargos mais cobiçados da Administração Pública Federal. Mas, esse cargo não é apenas atrativo pelo salário, embora os cifrões envolvidos saltem aos olhos da maioria dos concurseiros que sequer ganham no ano o que ele oferece no mês: é atrativo porque tem prestígio (eu, particularmente, prefiro chokito, mas gosto é gosto =o), muitos lugares diferentes para se trabalhar (uns ruins, outros bons) e a garantia de começar o mês ganhando um valor que requer um planejamento adequado para não iniciar o outro com saldo azul na conta. =o)
Mas, como invadir essa fortaleza chamada ESAF para conquistar esse cargo e ter direito à donzela de longas tranças e lábios de mel, digo ao polpudo contracheque? Meu caro, se isso fosse tão fácil assim, aulas de cursinho não seriam tão caras e professores de ponta tão cobiçados e respeitados. E nem eu teria amargado uma grande decepção quando me atrevi a fazer uma prova para AFRFB (ESAF/2005) apenas “por fazer”. Isso requer algo mais do que uma ligeira euforia ao olhar para o Item 2 – DA REMUNERAÇÃO INICIAL, porque ela logo perderá o fôlego quando chegar aos Itens 9 – DAS PROVAS OBJETIVA e 10 – DA DISCURSIVA.
Bem, sendo sincero, penso que mesmo os mais escolados e que estão estudando há bastante tempo tremeram nas bases quando viram os pesos e mínimos, e mais umas redações básicas. Mas, voltando à pergunta que não quer calar: como chegar lá, como sobrepujar uma banca especialista em massacrar candidatos na arena das provas? Eu não disse que era fácil, disse? E, se você ouviu alguém dizer que era fácil, desconfie: ou era um doido varrido, ou um super-gênio ou um baita de um mentiroso.
Vamos aos fatos: luz e trevas não ocupam o mesmo espaço, são auto-excludentes, correto? Quando uma chega, a outra tem que sair, até aqui isso foi fácil de ser entendido. Mas, você já parou para pensar que escuridão nada mais é do que ausência de luz? Você já ouviu falar na Idade das Trevas, quando a Idade Média recebeu essa denominação porque se pensava que inexistiu nessa época algum progresso intelectual? [estou apenas ilustrando, porque essa posição é controversa] Em contrapartida, tem-se a ideia comum que conhecimento tem a ver com luz, onde vemos inteligência sendo retratada como brilhantismo, atributo de pessoa iluminada, etc.
Perdoe-me, caro leitor, em que pese estar interessante até agora (espero!), deixei de lado um dado importante: assumi que você leu a priori o texto inspirador deste breve ensaio, e talvez você esteja um pouco confuso se não o fez, então permita-me esclarecê-lo. O verso completo diz: e a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam. Outras traduções dizem que “as trevas não prevaleceram conta ela” ou “não a derrotaram”. Percebe uma aparente sinonímia entre os termos “compreender” e “prevalecer”, ou seja, não venceram porque não compreenderam. É possível que “A Arte da Guerra”, de Sun Tzu aborde esse assunto de forma mais elaborada, todavia como este se destina a uma leitura de poucos minutos, os conceitos básicos aqui apresentados servirão a contento.
Chegando ao cerne de nossa questão, vamos aos pontos que você deve levar em conta na hora de encarar (a bem da verdade, muito antes) sua batalha contra o caderno de provas:
Sim, concordo que é importante você se conhecer também, sem dúvida. Todavia, conhecer-se e desconhecer o inimigo pode ser fatal, e, em se tratando de concursos, a perda de uma excelente oportunidade, ou cargo, se preferir. Você está nessa batalha concurseira? Está na Arena do Coliseum? E diante de você está o gladiador CESPE ou a fera ESAF? Não se desespere, a vitória é possível, se você conhecer bem seu adversário. Mas, como fazê-lo, como conhecê-lo tão bem a ponto de se sair vitorioso no confronto direto?
Observe suas lutas passadas, preferencialmente as que você perdeu, e veja onde errou, onde se superestimou e onde subestimou seu inimigo. Converse com quem venceu, e tente descobrir o porquê da vitória, onde ele acertou e como se desviou das armas e investidas adversárias. As lutas passadas são as provas anteriores, esmiúce-as a fundo, descubra as estratégias e armas utilizadas, e pondere suas defesas e formas de contra-ataque. Saiba de uma coisa: é muito mais fácil você se preparar contra a banca do que a banca se preparar contra você. Ela se prepara genericamente, contra um candidato perfil médio, enquanto você pode se especializar em mastigar provas no café-da-manhã e degustar discursivas na sobremesa.
Hoje em dia, é comum os grandes técnicos e clubes de ponta, seja de futebol, basquete, vôlei, etc., prevenirem-se de ‘espiões’ e fazerem treinos secretos, guardarem suas estratégias em sigilo ou, ainda, soltarem informações falsas para despistarem aqueles que estão tentando rastrear seus próximos passos. Mesmo contratações de reforços são tratadas como segredo de estado até estarem em vias de serem concluídas, para evitar-se o inflacionamento do ‘passe’ do jogador ou interferência de uma equipe adversária. Claro que você entende isso como uma forma de preservar sua competitividade perante os adversários.
O Bernardinho certa vez afirmou que, após o Brasil ter se tornado inúmeras vezes campeão, todos os olhares se voltaram para ele, de forma a se encontrar uma forma de se derrotá-lo. Para se manter no topo, reinventar-se faz parte, literalmente, do jogo. É possível ser aprovado em um concurso de média dificuldade sem conhecer bem a banca, mas em um concurso de alta complexidade, como esse último da Receita, somente um planejamento de alto nível, com amplo conhecimento da banca, pode dar segurança para se chegar na prova animado com a expectativa de um bom resultado.
Agora que explorei o aspecto da iluminação do conhecimento, desejo falar rapidamente sobre a parte “resplandece nas trevas”: talvez você esteja passando por várias dificuldades e sendo tentado a desistir, abandonar tudo e procurar um canto escuro e escondido para chorar suas mágoas, mas quero lhe assegurar que não vai valer a pena, nem agora nem depois. Não desista de seus sonhos, não abandone seus projetos nem abdique de suas convicções. Se você é luz, você deve resplandecer, e não há lugar melhor do que as trevas para mostrar seu valor e brilhantismo. Não deixe as trevas do desânimo e as nuvens escuras da incerteza nublarem seu entendimento na tentativa de forçá-lo a desistir de seus objetivos.
As menores lâmpadas conseguem iluminar melhor quando a escuridão é mais intensa. Seu verdadeiro valor será mais evidente (visível, exposto contra a luz) na superação das mais árduas provas, e não é exatamente isso que você está procurando: passar nas provas mais difíceis? Por que desistir então quando as situações caminham para um desfecho e o horizonte se afunila? Esses dias estava comparando as lâmpadas de hoje com as de antigamente (calma, não sou tão velho assim, as coisas é que estão avançando rápido =o), como elas eram maiores, consumiam mais energia, esquentavam bastante e iluminavam pouco, em comparação às de hoje. Faróis automobilísticos são um excelente exemplo. Hoje já se veem lanternas com pequenas lâmpadas (led’s) ao invés de somente uma grande, consumindo mais energia e iluminando menos do que o conjunto das pequenas.
Observe os led’s, como evoluíram. E agora já há os organic led’s! Que viagem… pois é, o mundo gira e a história não pára. E você também não pode ficar parado no tempo nem no espaço. Não importa seu tamanho, mas sim sua capacidade de superação, o quanto você faz com o pouco que lhe é disponibilizado e sua capacidade de refrigério (de “não esquentar a cabeça”) nas horas difíceis. Resplandeça nas trevas, porque ficará muito mais fácil enxergar o caminho e alcançar seus objetivos, chegando ao seu destino.
Sinceramente, espero ter ‘iluminado’ um pouco seu caminho em busca da aprovação. Que Deus abençoe seus esforços, assim como Ele fez comigo, principalmente nos momentos em que eu achava que estava tudo perdido e que não valia a pena seguir em frente. Mas, a despeito de ‘tudo’ indicar que era melhor jogar a toalha, encaixei os golpes da vida e continuei em frente, às vezes me arrastando, mas sempre em frente. Nunca se sabe quão perto estamos de nosso objetivo, e podemos estar apenas a alguns centímetros dele, e se nos arrastarmos só um bocadinho mais, chegaremos lá. Que tal tentar só mais um pouco?
Abraços, aguardo seu nome na próxima edição do DOU.
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