Estava eu indo me arrumar para ir à igreja ensaiar… bem, ensaiar é modo de dizer, eu sou péssimo para cantar, mas, voltando ao assunto: comecei a meditar sobre tipos de ministros ou formas de pastorear uma igreja, e me veio à mente os seguintes tipos, vejam só.
Existem
- o paistor (estilo laisses-faire, o paizão);
- o paustor (estilo ditador, o poderoso chefão) e, finalmente,
- o pastor (estilo líder, o que lidera pelo exemplo).
Neste início, abordaremos o paistor, cujas características passaremos a expor. Será que em sua igreja, ou em alguma que você conhece, há algum paistor no púlpito?
O paistor é aquele que trata as ovelhas como filhos, no melhor estilo paizão, sem coragem de repreendê-las, quando fazem algo de errado. Se a ovelha erra ou peca, o paistor, a pretexto de “não lançar fora” uma ovelha do Senhor, passa a mão na cabeça dela e, sem saber, pode estar criando um lobo em pele de ovelha, uma raposa dentro da vinha do Senhor.
Esse tipo de ministro peca em diversos aspectos, sendo o pior deles o fato de não saber dizer não, com medo de contrariar alguém, termina cedendo aos caprichos de todos. Sua igreja, por isso, tende a se parecer cada vez mais com a “casa da mãe Joana” que, aliás, nem sei onde fica, mas que serve de inspiração e ilustração para esse ministério que não transforma ninguém, pelo contrário, deixa os pecadores cada vez mais confortáveis com seus pecadinhos de estimação.
Esse ministro, o paistor, padece de outro grave defeito: falta de firmeza na defesa dos valores bíblicos e da moral cristã. O pecado é tratado com certa indiferença e os textos bíblicos que condenam o pecado, com desdém. O paistor, ironicamente, é um tipo de ministro que não serve para tomar conta do rebanho., visto que, servir = ministério, em linguagem bíblica.
A Bíblia relata um pastor que detinha algumas dessas características paistorais, fazendo por desmerecer o chamado de Deus: seu nome era Eli, pai de Hofni e Finéias, sendo estes exemplos de tudo o que um filho de pastor não deve ser. Esses rapazes eram tão ruins, faziam tanto mal à obra de Deus, que até o Senhor perdeu a paciência com eles e os jurou de morte. As palavras podem parecer duras, mas são o exato retrato daquilo que a Bíblia diz, embora com outras palavras. Ser paistor pode significar, por falta de pulso para repreender as ovelhas, quando necessário, condená-las a virarem alvo da ira de Deus.
O paistor só sabe fazer uso do cajado, desprezando a vara da correção, ou seja, ele apenas apaiscenta o rebanho, deixando as ovelhas indolentes, preguiçosas, mimadas e despreparadas para enfrentar as agruras dos vales e montes da jornada cristã.
O paistor apaiscenta a igreja da denominação “Pode-Tudo“, na Rua dos Mimados, berço das ovelhas orelhudas.
Em seguida, temos o segundo tipo de ministro, tão prejudicial quanto o primeiro, mas de atitudes diametralmente opostas: entra em cena o paustor, aquele que bate primeiro e pergunta se doeu depois.
O paustor é o avesso do paistor. Se um era ruim, o outro é a versão melhorada piorada ao inverso do quadrado da hipotenusa. Se um era o paizão, o outro é o poderoso-chefão, estilo ditador-manda-quem-pode-obedece-quem-tem-juízo! É o dono da igreja.
Se o paistor trata as ovelhas como filhos mimados, o paustor as trata como empregados e, às vezes, como escravos ao descer-lhes o chicote nos lombos. O paustor não aceita ser contestado, ao passo que o paistor não contesta suas ovelhas renitentes. O paustor é o típico exemplo concreto de um apelido nada discreto: “Zeca Bordoada“, bem diferente do apelido do paistor: “Mané“.
O paustor inverte a lógica do paistor: se este não sabe dizer não, aquele só sabe dizer não. Se este só sabe usar o cajado, aquele é especialista no uso exemplar da vara. O paustor é o terror das ovelhas que querem pensar por si só, fazendo o porrete cantar na moleira das ovelhas de pensamentos faceiros e argumentos ligeiros. Enquanto o paistor teme as ovelhas, o paustor mete medo nelas. O paistor apaiscenta, já o paustor apauscenta.
O paustor é o titular absoluto na igreja “Nada-Pode“, no beco dos cabisbaixos , vizinho ao gueto dos complexados.
Agora, finalmente, vamos falar do pastor, o sonho de consumo de toda ovelha que quer chegar ao aprisco celeste.
O pastor, o bíblico, é um homem que apascenta as ovelhas como servo de Cristo, como quem cuida da noiva para o noivo, que é seu amigo. Ele nem apaiscenta, porque não é o paizão das ovelhas, nem apauscenta, porque também não é o dono delas. Ele simplesmente apascenta, com a simplicidade de Cristo, e, para isso, usa tanto o cajado para encorajar as abatidas como a vara para corrigir as rebeldes.
O pastor guia as ovelhas, e elas o seguem porque ele as lidera pelo exemplo. Elas o seguem porque conhecem sua voz, confiam em suas pisadas, e sabem que ele tem convicção no caminho que anda. Ser um pastor segundo o coração de Deus é defender as ovelhas contra o ataque dos ursos e dos leões que querem dispersar e dizimar o rebanho.
O pastor é aquele vocacionado, verdadeiramente chamado por Deus, para ser o guia das ovelhas. Ser guia é andar no caminho, não apenas apontar o caminho. É ter compromisso com o grupo que se está guiando, para não deixar uns avançarem demais nem outros a ficarem para trás.
Ser pastor é, às vezes, ferir as mãos tirando carrapichos que grudaram na lã das ovelhas, curar as feridas causadas
pelos bernes da vida. Às vezes, ter que marcar uma ovelha para que ela saiba que pertence a um rebanho, e que está sob a responsabilidade de um pastor. A marca dói, queima, mas depois serve como selo de proteção. Somos assim também: como ovelhas do Sumo Pastor, trazemos as marcas de Cristo, e o selo de seu Espírito.
Embora muito se fale hoje em dia na mídia sobre pastores, apóstolos, bispos e etc., não são os jornalistas, com sua grande experiência noticiosa, nem os âncoras de programas famosos, nem os sociólogos, nem os antropólogos, nem ninguém que é “qualquer-coisa-ólogo” que detêm a capacidade de reconhecer um pastor quando vê um. Não senhor. Esses sabem reconhecer um paistor ou um paustor, mas pastor não.
Somente duas pessoas sabem reconhecer um pastor de verdade: a ovelha, que conhece a sua voz, e Aquele que o chamou ao pastorado, quando lhe disse: “Apascenta as minhas ovelhas”. Esses são os qualificados para dizerem quem é pastor.
Caro leitor, se você é ovelha, você tem que saber reconhecer um pastor, e ser sincero quando ele o está corrigindo. É para o seu bem. Suporte, seja forte, e continue honrando seu pastor. Se você é pastor, meu amado, faça valer seu chamado, e não desista de sua vocação. Sua preocupação não deve ser agradar homens, mas àquele que o alistou para essa peleja. O Senhor é contigo, seja contra o urso, seja contra o leão, seja contra o gigante. Vá até o fim, pois a vitória é certa, por meio de quem fomos remidos.
Agora, se você, leitor, é paistor ou paustor, tema e trema, porque, embora você desconheça ou finja não saber, Jesus foi imolado como o Cordeiro de Deus, mas reinará como o Leão da tribo de Judá. Hoje é Advogado, mas virá como Juiz. E julgará a cada um segundo as suas obras, e ai dos pastores que se apascentam a si mesmos. Pois, “rugindo o leão, quem não temerá? Am 3.8
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Blog Comments
François
30 de março de 2012 at 18:46
A Graça e a Paz do Senhor Jesus esteja em sua vida,Família e Ministério.
Agradeço a Senhor Jesus por sua vida. Esperava a muito ouvir e entender tais palavras citadas em seus artigo que, foi para mim como "arrancar uma árvore pela raíz".
Estou tentando ser pastor a 5 anos aos 51 anos de idade. Sou chamado pelas minhas ovelhas de Paistor.
Entendi o mais importante: Transparência, amor, dependência de Deus.
Assim, acredito que estarei alegrando os olhos do Criador e não a de homens.
Forte abraço,
Deus te abençoe.
Obs:. aguardo o próximo artigo.
wallysou
30 de março de 2012 at 19:13
Paz, François.
Acabei de publicar um artigo que pode lhe interessar, que é sobre produzir frutos na velhice. Foi publicado hoje, dá uma olhada.
Abraços.
wallysou
30 de março de 2012 at 22:53
aqui o link:
https://wallysou.com/2012/03/30/feliz-realizado-pr…
abs,
Kelly Úrsula
12 de abril de 2011 at 20:09
Eu já tive um 'paistor'. Inclusive, era assim mesmo que nós o chamávamos e era exatamente dessa forma que você descreveu que ele agia! Sendo assim, ele perdeu boa parte do rebanho, sua esposa deixou de acompanhá-lo na igreja e seu filho se desviou. Muito triste…
Tb já tive um pastor q nao se enquadra em nenhuma das 3 opções… Ele era um pastor-construtor! rsrs… Mas ele é um grande homem de Deus. Palavras sábias e duras, mas tb era manso e humilde. Uma benção!
Amei o post!
Nonato Souza
14 de abril de 2010 at 08:40
Parabéns pelo belo artigo. ah! quem dera, se os que tem o exercício pastoral entendessem o significado de um verdadeiro trabalhos pastoral. Existem muitas "ovelhas" indo em busca de "paistor" que lhe permita fazer tudo que quer, "outras" estimulando e aceitando a ação cruel do "paustor", embora saibam que estes não passam de lobos cruéis, infelizmente. Graças a Deus por verdadeiros pastores que tem o coraçao sobre o rebanho, objetivando curar-lhes as feridas. Graças a Deus por ovelhas dóceis, obedientes, sempre prontas a atender seu pastor, pois, sabem que estes foram constitidos pelo bom e sumo Pastor de nossas almas. Estas mesmo tendo suas dificuldades nunca desprezam o cuidado e zelo dos seu pastores, sendo, por eles assistidas com amor.
wallysou
14 de abril de 2010 at 08:56
é verdade, sua observação valeria outro artigo:
os 3 tipos de ovelha:
mimada (gorda), rebelde (chifruda) e lanuda (com lã, dócil).
obg pela visita e pelo comentário.
abs, apz.
Espantalhos na seara do Senhor « Desafiando Limites e Vencendo Barreiras!
11 de abril de 2010 at 17:06
[…] na seara do Senhor Publicado em 11/04/2010 por wallysou Em outros posts, falei sobre bichos estranhos que pululam na seara [jardim] do Senhor, e falei também sobre 3 tipos de ministros, entre eles o […]
Joana D'arc B.
23 de março de 2010 at 15:51
Graça e Paz,
Quero parabenizá-lo pelo artigo. Desejaria saber se posso reproduzi-lo e enviá-lo aos meus amigos, citando a fonte.
Pra. Joana
wallysou
23 de março de 2010 at 15:54
sim, claro, sem problemas.
obg pela deferência,
abs, apz.
ADIENE BORGES CAMPOS
13 de março de 2010 at 04:40
fantastico a matéria.