Tema do bom pregador: O Calvário

Segue um artigo do meu amigo Jossy:

Achando graça aos pés da cruz

Tema do bom pregador: O Calvário

Jossy Soares

Nos bons tempos passados, Paulo Macalão expressou este conceito ao escrever o poema que adaptou à melodia de J. R. Murray. Este conceito a bordo do conhecido hino Pelo Sangue muitas vezes passa despercebido pelas mentes mais jovens e por outros que, ao longo dos tempos inverteram as prioridade na vida e na doutrina cristã e acabaram por contribuir para a subtração do valor do Sangue do Cordeiro e da glória devida ao seu Nome.

O tema Central da Fé Cristã é a morte expiatória do Senhor Jesus Cristo, metaforicamente mencionada por piedosos cristãos como a Cruz de Cristo ou, simplesmente, a Cruz.

O sacrifício peremptório, suficiente e glorioso de Jesus Cristo pelo pecador perdido é o maior acontecimento da história. Tem ordem expressa do Senhor para ser lembrado em celebração: fazei isto em memória de mim (1.º Coríntios cap. 11. V. 24). São Paulo descreve a Cruz de Cristo como meio de reconciliação do homem com Deus, como também de integração e comunhão entre os irmãos (Efésios cap. 2. v. 16). Aqueles que verdadeiramente estão ao pé da Cruz vivem em amizade, pois a inimizade foi morta pela Cruz.

A Cruz sempre exerceu função essencial no Plano de Deus para o homem, porque mesmo antes de se criar o mundo e tudo que nele há, na eternidade Deus concebeu a idéia da Cruz e o Sacrifício de Cristo pelo mundo perdido. Jesus Cristo é o Cordeiro que foi morto antes da fundação do mundo (Apocalipse 13.8), o qual, na verdade, em outro tempo foi conhecido, ainda antes da fundação do mundo, mas manifestado nestes últimos tempos por amor de vós (1.º Pedro 1.20). Destarte, antes de Deus dizer haja luz, Ele disse: haja Cruz!

A centralidade da Cruz é reconhecida na Pregação do Apóstolo Paulo. Ele diz aos Coríntios porque nada me propus saber entre vós senão a Jesus Cristo, e este crucificado (1º Coríntios cap. 2. v. 2). Expressamente ele afirma: nós pregamos a Cristo crucificado (1º Coríntios cap. 1. v. 23). Por sua vez, o Apóstolo Pedro faz menção do sangue de Jesus Cristo em suas cartas reconhecendo na Cruz o preço do nosso resgate. Ele eleva o Sangue de Jesus acima de qualquer valor, não encontrando nenhum bem que possa servir de comparação a tão sublime sacrifício (1º Pedro cap .1, vs. 18 a 20).  Semelhante comportamento tiveram os demais apóstolos. A Bíblia está inteiramente voltada para esse espetáculo imortalizado nos anais da eternidade como emblema de vergonha e dor.

Poderemos escrever toneladas de papel sobre a relevância da Cruz e ainda assim não se chega a descrever o quanto ela é fundamental, necessária, e indispensável a cada um de nós. Fanny Crosby, cheia do Espírito, declama no Cantor Cristão:

Sempre à Cruz Jesus meu Deus
Queiras recordar-me
Dela à sombra, Salvador

Queiras abrigar-me

Sim na Cruz, Sim na Cruz
Sempre me glorio
E enfim vou descansar
Salvo além do Rio

A despeito de tudo isto, nos dias atuais estamos acometidos por uma onda que, sorrateiramente, subtrai a Cruz das pregações, dos cânticos e do viver cristão. Trata-se de um sintoma maior que tenta colocar o cristianismo em coma induzido, para viver uma espiritualidade irreal, alucinante e esquizofrênica.

Esse coma induzido retira a consciência do Cristianismo e a racionalidade do culto cristão. Produz alucinações nas mentes desprovidas do conhecimento da Palavra, levando-os a pensar que pode haver Cristianismo sem Cruz. E os sintomas são manifestos: pregações e canções que são verdadeiros mantras que levam multidões ao delírio, fazendo-os pensarem serem “super seres humanos” que num dado momento, enquanto estão em “transe”, vivem uma irrealidade de que podem todas as coisas sem a Cruz. E há até quem se gloria, mas não na Cruz de Cristo. É o típico sintoma do evangelho falsificado. Evangelho sem cruz e sem renúncia. Evangelho sem salvação.

A mensagem da salvação, tão presente nos hinos antigos e na boa homilia, está ausente dos cânticos triunfalistas e das pregações de auto-estima bem freqüente nos dias atuais. Muitos pregadores hoje preocupam-se mais com sua popularidade do que com a eficácia da mensagem no tocante a conversão do pecador. Pela ausência do tema do Calvário, nenhuma palavra vinda do púlpito vai despertar no ouvinte sua condição de perdido e miserável pecador, que precisa se arrepender e crer no Evangelho. Muitos não levam a sério os dois fundamentos da pregação ensinados pelo Senhor Jesus Cristo: o Arrependimento e a Remissão de pecados (Lucas cap. 24, v. 47). Aqui está mais uma vez em relevância o tema do bom pregador.

É triste perceber que ao invés de se transmitir a Mensagem da Cruz muitos preferem massagear o ego do ouvinte com mensagens de auto-estima e promessas que Deus não fez. Utiliza-se muitas vezes em vão o nome do Senhor para promover alteração no estado emocional das pessoas. Prefere-se esse desvio do que a simples e eficaz mensagem da Cruz. Mas por quê?  Porque a Cruz exige renúncia. A cruz exige uma identificação com Cristo e seu vitupério (Hebreus 13.13). Exige um compromisso de caminhar no sentido contrário ao “eu” à  à auto suficiência e ao amor próprio.

A palavra da Cruz é loucura para os homens naturais, homens psíquicos,  guiados pelas emoções. De fato pode parecer loucura para muitos que fogem da mensagem da Cruz porque este tema não lhe garante popularidade e dividendos. A mensagem da Cruz é a voz e Deus que arranca as cascas das árvores (Salmo 29.9). A Cruz nos faz entender que todo mérito é do Senhor Jesus Cristo. Que nenhum homem por mais eloqüente que seja, não pode propor um novo centro da mensagem.

Numa época onde os homens buscam o prazer acima de tudo, queimando etapas e desconsiderando princípios e valores fundamentais aos quais o Senhor nos ordenou a estrita observância, a Mensagem da Cruz parece caminhar no sentido contrário do senso que informa muitos oradores. Isto porque eles preferem seguir os caminhos da popularidade ao invés da Senda verdadeira da ignomínia da Cruz. Assim, é preferível falar de sucesso humano, da aquisição de riquezas e do prazer acima de tudo. Entretanto, Jesus Cristo falou:

Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me. (Lucas cap. 9, v. 23).

Pode mesmo parecer loucura aos homens naturais o desapego ao sucesso humano e à popularidade em troca pela identificação com Cristo e sua feridas. Muitas vezes adotar tal postura traz solidão com o afastamento dos amigos e dos propínquos (Salmo 38.11). Entretanto, quando optamos pelo caminho da Cruz temos a certeza que estamos em excelente companhia, nosso coração ferve e arde (Salmo 45. v. 1, Lucas cap. 24, v. 32).

Ao invés de loucura, a mensagem da Cruz é Poder de Deus. É sabedoria de Deus ( 1º Coríntios cap. 1, v. 24). A esquizofrenia reside mesmo na mensagem sem Cruz.       Importante é entender que, a Cruz está presente em cada tema bíblico, seja explícita ou implicitamente. De forma que quando se Pregar a volta de Jesus para nos levar à vida eterna no céu, está se pregando a Mensagem da Cruz explicita em João 3.16.

Lutemos pela mensagem da Cruz em nosso hinos, lutemos pela mensagem da Cruz em nossas pregações, Identifiquemos os bons pregadores: aqueles que têm por tema o Calvário.

Jossy Soares, é membro da AD, Coordenador da Agência Pés Formosos e advogado em Cuiabá-MT – jossysoares@gmail.com

www.pesformosos.org.br

 

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Wallace

Just another little servant of the Lord Jesus Christ. Apenas mais um pequeno servo do Senhor Jesus Cristo. Editor do blog Desafiando Limites (https://wallysou.com). Crítico do cristianismo evangélico da prosperidade e pensador cristão amador.

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