Refutação ou ponto de inflexão?

 

olhando as coisas sob outro ângulo

Escrevo este post como uma ponderação aos argumentos expostos por meu ilustre debatedor e divulgador (sem querer) do blog, o sr. Nestor Montezuma, cujos comentários feitos no post sobre as diferenças que impossibilitam igualar espiritismo com o cristianismo. Durante alguns dias e ao curso de alguns comentários e contra-argumentos, digladiamo-nos no espaço dedicado a ouvir sugestões, críticas e comentários dos leitores do blog Desafiando Limites.

Todavia, quando o número de comentários, argumentos e refutações ultrapassou o número de 100, tornando-o o segundo post mais comentado do blog, acendeu-me uma luz vermelha e, pelos motivos a seguir expostos, vou abster-me de continuar essa luta inglória, visto que, ao que tudo indica, nem ele vai conseguir me convencer do que ele acredita ser verdade, nem eu a ele, e vice-versa, ou muito antes pelo contrário (risos). Logo, é um esforço, em última análise, desperdiçado. Mas não é só isso.

Como alguns leitores mais antigos do blog devem ter percebido (ops, o blog tem só 1 ano e pouco… onde se lê “antigos”, leia-se “assíduos”, ok?), eu possuo algumas limitações de raciocínio e argumentação, e também algo a ver com foco. No século passado, quando eu ainda estava no calor da juventude e dentro do prazo de garantia, eu pensava melhor e mais rápido, pena que, naquela época, desperdiçava meu potencial pensando besteira. Agora que preciso daquela força juvenil, o gás já não é mais o mesmo de antes… #enfim

Logo, em parte devido aos meus 2 neurônios (no século XX eram conhecidos como Tico e Teco, agora evoluíram atendem por Tom & Jerry, um correndo atrás do outro, mas que nunca se alcançam), e em parte a outros fatores como limitações de tempo, espaço e intelecto (de minha parte), refleti sobre o caso e decidi fazer disso um ponto de inflexão no post referenciado e que servirá de padrão para futuros acontecimentos do gênero.

Mas, chega de papo furado e vamos ao que interessa (risos):

Meus motivos para parar com a briga de foice abster-me de continuar a replicar os argumentos do Nestor Montezuma

1. Jesus disse: “Ide e pregai o evangelho a toda criatura”

O Nestor Montezumo quer, porque quer, que eu diga quem vai pro inferno ou deixa de ir. Ora, se a Bíblia diz que TODOS pecaram e destituídos estão da graça de Deus, você, eu, o Nestor e até quem não tem nada a ver com a paçoca tá ferrado condenado. Então, a questão passa a ser que Jesus veio para dar nova vida, tanto aqui como a vida eterna com Ele. E para isso fui chamado: para anunciar as boas novas (notícias) de salvação, não de condenação.

2. Jesus disse que o trabalho de convencer o homem não é meu

Sim, já existe Alguém com a incumbência de convencer o homem do pecado (de seus erros, de que precisa se arrepender), da justiça (de que Deus providenciou um meio de o homem escapar da condenação) e do juízo (de que o diabo tem destino certo e os impenitentes seguirão o mesmo rumo). Isso não é trabalho para qualquer um, e nem mesmo Hércules e sua experiência anterior dos Doze trabalhos conseguiria convencer ninguém disso, quanto mais eu! Só mesmo Deus poderia dar cabo de tal tarefa, e é o que Ele (o Espírito Santo) faz. Eu, reconhecidamente, não estou à altura de convencer ninguém de que tal pessoa é candidata fortíssima ao inferno e que precisa se arrepender, pois o Ator desse papel já foi escolhido, e fui reprovado na minha primeira entrevista (triste dia pra mim foi aquele…).

3. Paulo disse que os pés são formosos daqueles que pregam as boas novas

Não adianta, não se pode esperar coisa diferente: só é bem visto ou bem aparentado se alguém der boas notícias. Na terra onde nasci, no interior do Nordeste, apelidava-se alguém que era acostumado a falar de coisas ruins como “correio da má-notícia“. Antes de ter entendimento suficiente, eu quis enveredar por essa seara de querer apontar o dedo em riste no nariz dos outros, mas os resultados me convenceram de que aquilo não era para mim. Prefiro seguir o conselho de Paulo e ser anunciante das boas novas, porque quem nEle crer não será confundido e todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo (Rm 10.11-16), embora isso não me exima de, em algum momento, falar coisas duras e necessárias.

4. Por que insistir em algo que não vai a lugar algum?

Pela forma como a coisa andou, percebe-se claramente que a discussão não vai a lugar algum. Nem eu vou mudar meu modo de pensar e, pelo visto, nem ele. Então, como a vontade de Deus já está clara para mim, por que insistir em algo que vai me afastar de obedecer ao que Deus projetou para mim? Quando eu discordo dele, sou tachado como “dissonante cognitivo”, que é um nome chic para “lerdo de entendimento”, hipócrita, cabeça-dura (nisso ele tem razão) e outros mimos.

Quando é alguém que diz o que ele aceita como verdade, o homem é “o cara”, mas quando é alguém que sustenta minha tese, é “um carinha qualquer” com argumentos falaciosos. Para ele, essa conversa pode estar sendo até de algum proveito, embora ele já tenha apresentado sinais de enfado, mas para mim, os sinais mais evidentes são outros. Como já disse antes, meus 2 neurônios não possuem capacidade multitarefa, ou seja, eu não sei me concentrar em mais de uma coisa ao mesmo tempo. Dizem que isso é mal de homem, mas acho que, nesse quesito, eu sou mais homem do que outros homens, se é que você está me entendendo… risos

Por conta disso, minha incapacidade de me conectar a diferentes pólos de atenção de forma simultânea, o blog está sendo prejudicado, bem como os leitores que se alimentam de mensagens edificantes e motivacionais (basta ler os comentários de vários posts para entender do que estou falando). Então, confessando minha fraqueza, preciso parar com isso para dar continuidade a coisas que são mais importantes e demandam minha atenção, coisa que eu até faria (simultaneamente) se fosse mais capacitado intelectualmente e mentalmente.

5. Jesus disse que só existe Um que tem poder para mandar ao inferno

O argumento recorrente do Nestor Montezuma é que alguém vai pro inferno. Bem, que vai, vai, mas eu não sou competente para apontar o dedo (ou o que quer que seja) para as pessoas e sair por aí mandando-as ao inferno. Já mandei gente às favas, e elas nem foram, quanto mais se eu mandasse pro inferno! Aí é que não iriam mesmo, concorda?

O que Jesus tem a dizer sobre alguém ir pro inferno?

Mas eu vos mostrarei a quem deveis temer; temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno; sim, vos digo, a esse [Deus] temei. Lucas 12:5

E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo. Mateus 10:28

Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno [condenação eterna], preparado para o diabo e seus anjos; Mateus 25:41

Embora em alguns momentos de minha vida eu possa ter tido vontade de ter poder para mandar alguém pro inferno, Jesus destruiu meus sonhos hitlerianos de mandar pra fornalha corrigiu meus pensamentos equivocados e me chamou para apontar o caminho do céu, e não para apontar o dedo na cara de alguém e dizer: “você vai pro inferno!”. Eu sou grato ao Senhor, meu Deus, porque Ele me livrou do inferno ao me perdoar. Achei ruim Ele me dizer que também devo perdoar e (loucura!) amar meus inimigos…

6. Se as obras salvam, o que dizer de Cornélio?

Uma das alegações do espiritismo – enfatizadas em especial pelo Nestor Montezuma – é que a salvação é pelas obras [de caridade]. Eu nem falo nada dele querer argumentar que é assim que o espiritismo crê e tal, que é assim que eles agem. Nada contra. Todavia, querer usar o texto bíblico para corroborar as alegações do espiritismo é demais. Seguir os ensinamentos de Allan Kardec e outros referenciais do espiritismo é uma coisa, sobre a qual me eximirei de emitir opinião, neste momento, mas fazer um estupro interpretativo e uma violência ao texto das Escrituras é, literalmente, forçar a barra.

Quem era Cornélio? Um homem acima de qualquer suspeita e digno de respeito, inclusive gozava de respeito diante de Deus. Confira.

E havia em Cesaréia um homem por nome Cornélio, centurião da coorte chamada italiana, Piedoso e temente a Deus, com toda a sua casa, o qual fazia muitas esmolas ao povo, e de contínuo orava a Deus. Este, quase à hora nona do dia, viu claramente numa visão um anjo de Deus, que se dirigia para ele e dizia: Cornélio. O qual, fixando os olhos nele, e muito atemorizado, disse: Que é, Senhor? E disse-lhe: As tuas orações e as tuas esmolas têm subido para memória diante de Deus; Atos 10.1-4

Um homem exemplar, sem dúvidas. Todavia, ainda não salvo.

Ele nos contou como um anjo lhe tinha aparecido em sua casa e dissera: ‘Mande buscar, em Jope, a Simão, chamado Pedro. Ele lhe trará uma mensagem por meio da qual serão salvos você e todos os da sua casa’. (ênfase acrescida) Atos 11.13, 14

Se Cornélio pensasse da mesma forma que o Nestor Montezuma, ia mandar o anjo pro inferno catar coquinho, porque ele tinha boas obras e, com certeza, era salvo. Devia ter algum problema no banco de dados do Céu, e o nome dele figurar entre os não-salvos era um defeito (default, padrão) que precisava ser corrigido urgentemente! Onde já se viu? Um homem como ele, cheio de boas obras, não estar salvo???

Pois é, mas Cornélio devia pensar como eu: mandou chamar Pedro imediatamente (At 10.33) e logo deu ouvidos à mensagem do Evangelho e da salvação em Cristo. E você, se aparecesse um anjo dizendo que você precisava ouvir o evangelho de Cristo para ser salvo, ia mandar o anjo pro inferno ou mandar chamar logo um evangelista?

7. Divergências não são motivo de agressão e vituperação

Em que pesem nossas divergências no campo teológico e soteriológico, não tenho nada da mais e de mal a falar do Nestor Montezuma. Pelo contrário, vejo nele muitas qualidades, como inteligência, persistência e vontade de defender o que acredita, talvez até maiores do que as minhas (forante inteligência, pois qualquer um é mais inteligente do que eu… risos).

Sinto pesar que meu humilde blog não tenha muito mais a oferecer ao Nestor do que apenas um motivo de refutação daquilo que ele crê. Falha nossa. Mas, respeitadas nossas diferenças, inconciliáveis, por sinal, gostei dele ter aparecido por aqui e ter expressado o que crê, mesmo sendo diametralmente oposto ao que creio e publico. Eu cresci com a interação, embora não esteja certo de que ele cresceu ao debater comigo… risos

Agora, vamos voltar a dar atenção aos demais (ou demenos) leitores do blog, voltando a escrever sobre outros temas, tremas, terremotos e outros assuntos tremendos. Ou não!

Um abraço, Nestor Montezuma, vou orar por você. Você vai ver a diferença.

ps. se você estiver certo, as chances de eu ser salvo são razoáveis. Mas, se eu estiver certo, você tá ferrado enrolado até… rs

 

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Wallace

Just another little servant of the Lord Jesus Christ. Apenas mais um pequeno servo do Senhor Jesus Cristo. Editor do blog Desafiando Limites (https://wallysou.com). Crítico do cristianismo evangélico da prosperidade e pensador cristão amador.

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Continuação:

E no mesmo livro de Atos, encontramos:

Atos 10:34: “Então, falou Pedro, dizendo: Reconheço, por verdade, que Deus não faz acepção de pessoas”;
Atos 10:45: “E os fiéis que eram da circuncisão, que vieram com Pedro, admiraram-se, porque também sobre os gentios foi derramado o dom do Espírito Santo”.

Se Deus salvará apenas os que estão na Graça (no caso aqui, os evangélicos, que crêem serem os verdadeiros cristãos), então Ele faz acepção de pessoas. Todavia, em Atos 10:34, Pedro afirmou que Deus não faz acepção de pessoas. Isto é contraditório. Isto também contradiz a crença evangélica.

Outrossim, é evidentemente muito suspeito que tudo na Bíblia que afirma que apenas a Graça é suficiente para salvar não são palavras proferidas por Jesus.

Um abraço!

2 Pedro 3 : 15,16

E tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor; como também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada;

Falando disto, como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição.

abs.

Quinta-feira, 14 de Abril, 2011

VERSÍCULO:
“… e, se eu vos perguntar, não me respondereis”.
— Lucas 22:68

PENSAMENTO:
O motivo deste interrogatório não foi de estabelecer a verdade
e sim de fabricar mentiras. Por isso as perguntas dos líderes
religiosos não foram feitas para esclarecer e sim para enganar.
Jesus já havia feito uma pergunta aos líderes religiosos que eles
se recusaram a responder (Lc 20:1-8). Por quê? Duplicidade. Há
perguntas que Jesus poderia fazer nesse momento, mas, que ele sabe
– não adiantaria. Jesus quer se defender? Ele não precisa. Ele
quer se livrar? Nem um pouco. Jesus está preparado para deixar a
farsa do julgamento prosseguir, porque só assim é que a Verdade
será finalmente revelada. Se você um dia for vítima de falsidade
ou mentiras, agradeça a Deus. Jesus lhe permitiu a honra de
experimentar um pouco das provações que ele passou. É claro que
você tentará defender e proclamar a verdade. Mas, se a voz do
engano for mais alta, não se preocupe. A verdade sempre há de
prevalecer. E o que mais importa é de que lado você estará no
dia em que Jesus a revelar. Que Deus lhe conceda forças na sua
luta pela Verdade mais importante que existe – O Evangelho de Jesus
Cristo.
http://www.hermeneutica.com/jd/2/0414.html

Olá, Wallace!

Só para constar e instigar outras pessoas ao debate.

Neste teu artigo está: "Se as obras salvam, o que dizer de Cornélio?"

Pois, então, o que dizer de Apocalipse 18:6, Apocalipse 20:12, Apocalipse 20:13, Apocalipse 22:12, Colossenses 3:14, Mateus 16:27, Tiago 2:14, Tiago 2:17, Coríntios 13:13, I Pedro 1:17, Coríntios 8:1, Coríntios 13:1, Gálatas 5:14, dentre outros? Estes são trechos bíblicos que contradizem explicitamente a crença evangélica, que afirma que apenas os que estão na Graça serão salvos, independente de obras.

Continua…

Afirmação correlata à do Wally:

\Blaise Pascal, um dos grandes filósofos da história moderna, afirma que, se não existe Deus e você aposta sua vida na existência dele, você não perde nada. Mas, se existe um Deus e você apostou a vida em que Ele não existe, você cometeu o maior equívoco imaginável.\
In Colson, Charles – A fé em tempos Pós-modernos. Vida – 2009 (Pg 52)

obg, Ronaldo pela colaboração.

abs, apz.

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