Aniversários e surpresas – Como lidar com o inesperado

Quando estamos ficando mais velhos – ou experientes, para alguns – é comum esperarmos surpresas, seja de festas, presentes ou de pessoas que vêm nos cumprimentar. Em meu trabalho existe essa política – ou prática ou, ainda, costume – de fazer surpresas aos aniversariantes. E, geralmente, as festas são inimigas mortais de dietas, para variar.

Quando eu trabalhava em outro setor, por várias vezes fiquei incumbido de fazer as surpresas para os outros e, às vezes, era um verdadeiro jogo de esconde-esconde de gato-e-rato tentando esconder bolo, salgados e refrigerantes até a hora da festinha. E inventávamos 1000 desculpas, até mesmo fingir esquecer a data de aniversário da vítima, só pra chegar depois e cantar parabéns de supetão. Geralmente dava certo mas, às vezes, as coisas não saíam como planejado.

Mas, um dia, chegou a data do MEU aniversário. E então passei a matutar o que eles iriam fazer para me pegar de surpresa, já que eu estava sabendo de praticamente todos os truques utilizados para engabelar os aniversariantes desavisados. Por isso, fiquei “de butuca” para tentar descobrir o que iriam fazer para me surpreender naquele ano. Tentei prestar atenção em tudo, mas não consegui observar nada de mais, nada de muito diferente do usual.

Eu pensei: “é… eles estão fazendo as coisas bem feitas, porque eu não estou notando nada…”

E continuei à espreita, atento ao mínimo deslize, incrementando a ansiedade que aumentava a cada dia e hora que passava. Será que vai ser hoje? Será que vai ser pela manhã ou pela tarde? E como eu iria sair de férias logo na semana seguinte, teria que ser até a sexta-feira, porque meu aniversário cairia no sábado. Pense em uma ansiedade potencializada pelo fato de eu não ver nada sendo exposto!

Então, chegou o fatídico dia final, o dia da surpresa, que não passaria daquele dia, e eu tentando ver qualquer detalhe, qualquer coisa fora do lugar e descobrir os bastidores da surpresa. Passou a manhã, e nada. A tarde foi avançando, e eu pensando que eles estavam deixando a coisa correr solta e me pegar no contrapé. Até que chegou o fim da tarde, eu iria embora, sairia de férias na segunda e… bem, o dia estava acabando. Pensei, deve ser agora, só pode ser agora… TEM QUE SER AGORA.

Não foi.

Essa foi a grande surpresa, que me pegou totalmente vendido e despreparado para ela: não teve surpresa alguma. O que teve foi uma grande decepção de minha parte, visto que eu estava esperando alguma coisa. Não sei se isso já aconteceu com você, mas se já, você deve saber do que estou falando.

Todavia, depois de um tempo, eu fiquei me perguntando se eu não teria culpa nessa decepção. Sim, principalmente na parte de ficar espionando como seria feita a surpresa. Eu cheguei à conclusão de que o Senhor permitiu isso para me ensinar que surpresas devem ser encaradas exatamente como são: surpresas.

Por exemplo, você gosta de receber presentes-surpresa? Se for uma pessoa normal, sim. Mas, qual o sentido de você ir à loja com quem vai presenteá-lo e ver o que ele escolheu para lhe presentear? Nenhum, não é mesmo? Por isso, se você estiver aguardando alguma surpresa, aproveite e não fique bisbilhotando, querendo descobrir as coisas antes do tempo. “Deixe rolar”.

Muitas vezes, eu recebi profecias do Senhor dizendo: “aguarde uma surpresa”. Eu, ingênuo que era, sempre esperava coisa boa e ficava tentando imaginar o que seria. Na maioria das vezes, eu pensava que era coisa boa, mas muitas vezes fui SURPREENDIDO (risos) com grandes decepções. Em parte, porque eu estava esperando alguma coisa [muito] boa.

Hoje, já vejo as coisas de outra forma, com mais maturidade e desapego, principalmente porque estou esperando o agir de Deus há bastante tempo e até agora… nada. Por um lado, tenho culpa no cartório: não me coloquei na posição que Deus queria que eu ficasse. Apanhei bastante para aprender que existem certas promessas que devemos fazer por merecer seu cumprimento.

O que você deve fazer ou como fazer para lidar com surpresas? Não fique ansioso e viva sua vida de forma tranquila e normal, sem estresse e, principalmente, sem bisbilhotice. Afinal, se você não for o James Bond, e não estiver sendo alvo de terroristas, não há motivo algum para querer ficar sabendo antes de todo mundo o que é que tem naquela caixa com laço vermelho e um cartão com seu nome preso nela, certo?